CANDIDATURA COLETIVA

PSOL de Goiânia lança pré-candidatura de “mandata coletiva feminina”

O PSOL de Goiânia vai lançar uma pré-candidatura de mandato coletivo… quer dizer, de “mandata…

PSOL de Goiânia lança pré-candidatura de
PSOL de Goiânia lança pré-candidatura de "mandata coletiva feminina"

O PSOL de Goiânia vai lançar uma pré-candidatura de mandato coletivo… quer dizer, de “mandata coletiva e compartilhada feminina” para disputar uma cadeira na Câmara Municipal. O grupo é composto pelas pré-candidatas Joana Porto, Nina Soldera e Alessandra Minadakis. Esta última vai “emprestar” o CPF para a disputa.

Para quem não sabe, a candidatura coletiva é composta por duas ou mais pessoas, que se comprometem a assumir e compartilhar ideias e ações em prol de um mandato mais abrangente. Apesar de só haver o registro de uma pessoal na justiça eleitoral, todas opinam de forma igualitária e as decisões são tomadas em consenso.

Alessandra, que é procuradora federal, professora e mestra em Direitos Humanos pela Universidade de Goiás (UFG), explica que, caso sejam eleitas, as colegas da “mandata” trabalharão como assessoras no gabinete. Porém, ela faz questão de deixar claro que o salário do vereador será dividido igualmente.

Sobre a atuação em plenário, ela afirma que ainda será verificado, conforme constituição do parlamento goianiense, como pode ser feito. Mas já adianta uma forma de inclusão garantida: “Audiências públicas. Por serem abertas, são ferramentas para que todas tenham o direito de voz.”

Origem

Alessandra explica, ainda, que esta modalidade começou, em Goiás, em Alto Paraíso, em 2016. À época, um grupo que teve como titular o João Yuji (do antigo PTN), se candidatou e garantiu uma cadeira na Câmara da cidade. De acordo com ela, cinco pessoas da área ambiental se uniram para defender a pauta.

“Inclusive, o grupo é pré-candidato a reeleição. Tudo é decidido coletivamente e o salário deles – uma vez que a cidade é pequena e todos mantêm suas profissões – é destinado a projetos ambientais”, exemplifica.

Outro exemplo de sucesso que ela dá é de 2018, quando o coletivo Juntas (PSOL), formado por cinco mulheres, disputou e venceu as eleições da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). O grupo é formado pela jornalista Carol Vergolino [amiga de Alessandra], pela estudante de letras Joelma Carla, pela professora Kátia Cunha, pela advogada Robeyoncé Lima – que é a primeira transexual do Norte e Nordeste do País a usar o nome social na carteira da Ordem dos Advogados do Brasil – e pela ambulante Jô Cavalcanti Lima, a titular do mandato.

“Já nós”, diz Alessandra, “somos três mulheres diferentes (uma branca, uma negra e uma indígena), que nos juntamos de forma espontânea”. Como bandeira, o grupo defende os direitos das minorias utilizando o recurso da coletividade em respaldo ao aumento no número de pessoas com voz e vez. “Combate às opressões de forma geral. Principalmente de gênero e raça, além do acesso à cultura, como forma de expressão, inclusive, política.”

“Mandata”

Questionada sobre a escolha do nome, ela explica ter sido um recurso de linguagem como subversão ao machismo da própria língua portuguesa. “Sabemos que não veremos ‘mandata’ no dicionário, mas é um questionamento ao machismo, como faremos em outros setores, como mercado de trabalho, relações familiares, etc.”, explica e continua: “A linguagem também pode ser instrumento de opressão.”

A pré-candidata Alessandra, vale destacar, foi candidata à deputada federal pelo PSOL em 2018. Segundo ela, desde então havia o compromisso de postular uma cadeira na Câmara, em 2020, e, no decorrer do tempo, ela se encantou com a ideia de candidatura coletiva.

Ela afirma, inclusive, que o PSOL tem outra pré-candidatura de um grupo de mulheres. Além disso, ela cita que o PT também terá pré-candidatos nessa linha. Sobre o nome do grupo, ela diz ainda não poder revelar – por questões legislativas. “Mandata coletiva e compartilhada feminina é a descrição”, conclui.

Colegas de sigla

Além de Alessandra Minadakis, compõe o grupo Joana Porto e Nina Soldera. Joana é indígena da etnia Tabajara, Cientista Social e mestra em Direitos Humanos pela UFG. Atualmente, é doutoranda de Antropologia Social na mesma universidade.

Nina Soldera é cantora e formada em Tecnologia em Produção Cênica pelo Itego em Artes Basileu França. Também foi aluna de artes cênicas da Universidade Federal de Goiás. Participa de movimentos de cultura popular, de música independente, novos escritores e mulheres negras artistas.

O PSOL realizou sua convenção em 31 de agosto, primeiro dia permitido. Apesar disso, os nomes escolhidos ainda são chamados de pré-candidatos por questões legislativa-eleitorais. À época, o partido também oficializou o nome de Manu Jacob na corrida pelo paço municipal.