CABEÇAS PODEM ROLAR

Senadores propõem bloquear nomeação de embaixadores até queda de Ernesto

Em mais uma pressão pela substituição do chanceler Ernesto Araújo, a oposição ao governo apresentou,…

Ex-ministro Ernesto Araújo (Foto: Marcelo Camargo)
Ex-ministro Ernesto Araújo (Foto: Marcelo Camargo)

Em mais uma pressão pela substituição do chanceler Ernesto Araújo, a oposição ao governo apresentou, nesta sexta (26), um projeto de resolução do Senado para sustar todas as sabatinas com chefes de missões diplomáticas.

Senadores são responsáveis por aprovar a nomeação de embaixadores feitas pelo presidente da República. Com a proposta, elas ficariam suspensas enquanto o atual ministro das Relações Exteriores estiver no cargo.

Bolsonaro vem buscando segurar Araújo, seguidor do polemista Olavo de Carvalho e expoente da ala de extrema direita de seu governo, enquanto o Congresso Nacional pede a cabeça do auxiliar.

Apesar da proposta afirmar que o objetivo é concentrar os esforços da casa em medidas pertinentes, sejam domésticas ou internacionais, para combater a crise sanitária que já matou mais de 310 mil pessoas, na prática é mais uma ação pela saída do ministro das Relações Exteriores.

De acordo com o líder da minoria, senador Jean Paul Prates (PT-RN), “a atual política externa do Brasil está entregue a um indivíduo que, como sobejamente demonstrado na audiência pública realizada no Senado Federal, na quarta (24), não reúne as mais mínimas condições de representar os autênticos interesses brasileiros no cenário mundial”.

Como consequência, segundo ele, desenvolve-se uma política externa desastrosa, transformando o Brasil em pária mundial e ameaça sanitária global, comprometendo a obtenção de vacinas destinadas a salvar a vida dos brasileiros.

Prates afirma que, neste momento, seria importante um Ministério das Relações Exteriores com credibilidade para apoiar ações como a quebra de patentes para a produção de vacinas e avançar com negociações bilaterais com a China, Rússia, Índia e Estados Unidos para a obtenção de imunizantes.

E ecoa a sugestão dada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de uma convocação das 20 nações mais ricas do mundo (G20) para coordenar os esforços de distribuição equitativa de vacinas.

Além de Prates, a proposição também é subscrita pelo senador e ex-governador da Bahia, Jaques Wagner (PT).

Congresso pede a Bolsonaro cabeças de Ernesto Araújo e Filipe Martins

Na última quarta (24), Ernesto Araújo foi massacrado em audiência no Senado Federal, com exigências de renúncia e exoneração. Parlamentares defenderam que a cruzada ideológica encampada por ele afastou parceiros internacionais que, neste momento, seriam fundamentais para a resolução da crise.

Com isso, o chanceler não teria credibilidade para estar à frente das negociações e diálogos. Também defendem que sua presença causa constrangimento entre diplomatas de outros países e no próprio Itamaraty uma vez que ele encampa pautas do bolsonarismo-raiz, como o negacionismo climático.

Os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), defenderam a saída do chanceler para Bolsonaro, que tenta ganhar tempo. O presidente não quer sacrificar outro assessor ideológico logo após a demissão de Eduardo Pazuello da pasta da Saúde para não demonstrar fraqueza e não irritar a ala de seus seguidores mais radicais.

Na mesma audiência da última quarta, o assessor para assuntos internacionais da Presidência da República, o também olavista Filipe Martins, foi flagrado fazendo um gesto ligado a supremacistas brancos atrás de Pacheco, enquanto o presidente do Senado discursava. O sinal obsceno foi denunciado pelo líder da oposição, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que pediu a presença da polícia legislativa. Senadores exigem uma nova política internacional, mais pragmática, sem Ernesto, Filipe e Olavo.

Pacheco vem sendo duramente criticados por senadores da oposição, mas também por alguns parlamentares da base do governo, por represar a instalação da CPI da Pandemia, que investigaria as ações do governo Bolsonaro durante a crise da covid-19. E por evitar pautar temas que desagradem ao governo no que diz respeito à pandemia.