ATÍPICO

Vencedora de eleição para reitor da UFG lamenta intervenção de Bolsonaro: “revoltante”

A reitora em exercício da UFG, Sandramara Matias Chaves, revelou “perplexidade e revolta” com a…

Mais votada em eleição para reitor da UFG diz que apoiará nome escolhido por Bolsonaro
Primeira da lista tríplice da UFG, Sandramara diz que intervenção do MEC causa revolta (Foto: UFG)

A reitora em exercício da UFG, Sandramara Matias Chaves, revelou “perplexidade e revolta” com a escolha da diretora da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC), Angelita Pereira de Lima, como nova reitora da instituição. Angelita foi a terceira colocada na lista tríplice. Apesar disso, Sandramara afirma que a escolhida pelo governo federal terá o apoio dela. “Apoiá-la é apoiar a UFG.”

Nesta terça-feira (11), o nome de Angelita – que é petista – foi confirmado em publicação do Diário Oficial da União pelo Ministério da Educação (MEC). Já Sandramara foi a eleita junto à comunidade acadêmica em junho de 2021 para ser a futura reitora da UFG como primeira da lista tríplice.

“É revoltante, porque é um ato deste governo que desrespeita a UFG, a comunidade acadêmica e o conselho universitário”, declarou a eleita. Ela elogiou o trabalho desenvolvido por Angelita, mas apontou: “A questão que está posta é um ato que desrespeita e afronta a autonomia da universidade”, afirmou.

A reitora em exercício segue no cargo até 15 de janeiro, sexta-feira. A posse, ainda sem data, é realizada pelo MEC. “Angelita está tão perplexa quanto nós. Ainda vamos nos reunir. Acredito que não ter experiência como reitora não é limitante, pois a trajetória dela vai favorecer. Ela terá todo apoio, pois vai enfrentar grandes desafios.

Ela também não acredita na possibilidade de recurso para reverter a nomeação, pois a legislação prevê a possibilidade da escolha de um dos nomes da lista tríplice – não necessariamente o primeiro.

Sem ilegalidade

O ex-reitor Edward Madureira – de quem a reitora em exercício foi vice – falou em “indignação, revolta e desrespeito à universidade pública brasileira. A UFG é mais uma vítima do que tem acontecido desde janeiro de 2019”.

“Nunca aconteceu do primeiro nome da lista não ser o escolhido para ser o reitor, desde que estou na universidade, há mais de 40 anos”, declarou Edward. Segundo ele, trata-se de uma afronta a democracia. “É revoltante. Nos deixa atônitos e indignados.”

De acordo com ele, não há ilegalidade no que foi feito. Contudo, ele reforçou a tradição da escolha pelo primeiro nome da lista tríplice. “A universidade saberá tomar as decisões e o que tem que ser feito.”

Além de Sandramara e Angelita, completava a lista o nome de Karla Emmanuela Ribeiro Hora.

Intervenção na lista tríplice

A avaliação no meio universitário é de que a escolha de Angelita pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) tenha sido uma forma de contrariar o resultado das eleições da UFG. Entretanto, o Conselho Universitário (Consuni) elaborou uma lista tríplice com nomes ligados à militância universitária, já que Karla Emmanuela é filiada ao PSOL, e Angelita ao PT, na tentativa da manutenção do nome de Sandramara.

Caso Angelita não aceite a indicação o Ministério da Educação poderá nomear um interventor.