Ciência

Cientista goiano dá palestra na Nasa

Inteligência artificial; está aí um termo que não faz sentido para a grande maioria das…

Inteligência artificial; está aí um termo que não faz sentido para a grande maioria das pessoas e que mete medo na parte que entende alguma coisa. O famoso físico teórico Stephen Hawking em pessoa avisou que acredita que ela é a maior ameaça para a vida humana.

Mesmo os filmes já nos disseram o mesmo: Matrix e o Exterminador do Futuro são apenas os dois maiores exemplos de como as máquinas conscientes podem reservar um futuro funesto para a humanidade.

 

Mas nem todo mundo pensa assim. Da mesma forma que Isaac Asimov, autor de Eu, Robô e tantos outros romances, acreditava no potencial da robótica, o pós-doutor Celso Camilo Júnior, aqui da UFG, acredita que ainda temos muito a aprender, crescer e explorar mesmo nos campos mais básicos da inteligência artificial.

O professor acaba de voltar dos EUA onde fez seu pós-doutorado na Carnegie Mellon University, mesma instituição de ensino em que atuou como professor convidado. Ele possui graduação em Ciência da Computação, mestrado em Engenharia Elétrica e de Computação, doutorado em Inteligência Artificial e 40 trabalhos científicos publicados.

Em seus estudos, ele busca criar formas simples e práticas de atribuir valor e conseguir dados e informações usando softwares inteligentes em diversas áreas como saúde, entretenimento e nos negócios.

Celso disser ter se sentido muito honrado por poder atuar e pesquisar na Carnegie que está entre as cinco melhores universidades de computação do mundo: “Foram desenvolvidas, durante um ano, pesquisas sobre a aplicação da Inteligência Artificial em problemas da Engenharia de Software, uma área chamada de Search-Based Software Engineering. O objetivo desta área é reduzir o custo e melhorar a qualidade dos softwares produzidos no mundo por meio da otimização dos processos de desenvolvimento”, contou.

O campo é recente, surgido em 2001, e que busca otimizar a engenharia de software aliando o desenvolvimento de programas com uma mãozinha da Matemática. A search-based software engeneering (SBSE) transforma os problemas dos desenvolvedores em modelos matemáticos complexos e aplica algoritmos e outras formas de tentar solucionar estes problemas.

Celso conta que tem experiência aplicada em Metaheuristicas, Algoritmos Evolucionários e Redes Neurais Artificiais. Se soa como ficção-científica, ele dá exemplos de áreas mais palpáveis: “Entre as áreas de aplicação, destacam-se: Sáude (Câncer), Redes Sociais, Engenharia de Software (Teste de Software e Reparo Automatizado de Software) e Tomada de Decisão Gerencial”.

E é neste potencial do dia-a-dia que o professor direge a sua atenção no momento. Ele é coordenador do APOEMA Inovação, do Instituto de Informártica da UFG que busca trazer soluções de inovação para pequenas empresas.

Você deve se perguntar: mas como isso se aplicaria ao meu negócio? Por exemplo, através do estudo de redes sociais. Através do SBSE, é possível agregar valor a vários tipos de informação: o que os clientes estão falando, como estão falando, o que querem. “O foco desse grupo é aplicar a IA para a personalização de conteúdo e extração de conhecimento de dados da Web”, conta Celso. O empresário pode usar esta ferramente com vários tipos diferentes de filtro.

É uma área tão fértil que em sua passagem pela Carnegie o professor encontrou uma oportunidade única: a chance de palestrar na NASA, a agência espacial dos EUA. “A NASA, assim como várias empresas no mundo, depende fortemente de software. No entanto, a indústria aeroespacial tem um contexto mais complexo por, principalmente, envolver custos elevados e baixa tolerância a falhas. Por isso, eles se interessam por todas os métodos que possam auxiliá-los na mitigação do risco e aumento de eficiência. Esse processo de inovação para a NASA é necessidade básica”.

Nos anos 1960, para colocar o homem na lua, a agência precisava de cálculos e correções complexos constantes ao ponto em que contratou os chamados “computadores humanos”: cientistas matemáticos dedicados exclusivamente a calcular trajetórias e outros problemas em tempo real com papel e caneta. Felizmente, isto agora é coisa do passado.

 

Mesmo assim, o professor permanece humilde e destaca em como as pesquisas nesta área podem ser úteis especialmente nas questões diárias e na gestão empresarial: “Sobre a aplicação nas empresas, eu tenho dedicado boa parte da minha carreira na aplicação da Inteligência Artificial em problemas da sociedade, como exemplo: logística, saúde e educação. No caso da SBSE não é diferente, nós do grupo de pesquisa aqui no Instituto de Informática da UFG estamos imbuídos na melhoria dos métodos para torná-los cada vez mais aderentes às necessidades dos desenvolvedores de software. Apesar de ser uma área nova, mesmo no mundo acadêmico, já existem algumas empresas inovadoras que utilizam algumas destas técnicas”.

Por fim, ele finaliza elogiando profundamente a UFG: “o Instituto de Informática tem quadros excelentes de professores e programas de mestrado e doutorado”. Além disso, encoraja jovens estudantes que se engagem na pesquisa científica: “Eu, e outros excelentes colegas, vamos abrir vagas para mestrado e doutorado nas próximas seleções. Acho muito importante mostrar que não é só o professor Celso, mas temos muitos outros bons quadros e que a sociedade goiana deve se orgulhar, valorizar e aproveitar, tirando um pouco da síndrome do ‘vira-lata’. Nós somos competitivos mundialmente!”, ressalta.