Crítica

Zenfone 3 Zoom: bateria e câmeras compensam por erros repetidos

No ano passado, a Asus lançou o Zenfone Zoom, um aparelho de luxo e experimental…

No ano passado, a Asus lançou o Zenfone Zoom, um aparelho de luxo e experimental focado em fotografia. Seu principal diferencial era um zoom óptico potente com um trabalhoso e elaborado conjunto de lentes móveis. Fora isso, o aparelho ainda tinha um design arrojado, que o assemelhava mais a uma câmera de facto e trazia um acabamento em couro.

Porém, ele tinha grandes problemas: o maior deles era seu preço proibitivo, já que começou sendo importado para o Brasil. Fora isso, embora as fotos ficassem boas, o zoom potente sacrificava parte da qualidade final das fotos e sua bateria não era das melhores. O design também tornou o aparelho pesado e propenso a quedas.

Um ano depois, a Asus lança agora o Zenfone 3 Zoom. O novo modelo não é um Zoom 2, mas sim a incorporação de elementos de câmera no aparelho principal da marca, o Zenfone 3, lançado no segundo semestre de 2016. Vale dizer que o Zenfone 3 já era um aparelho muito bom, quase mudando da água para o vinho em relação ao Zenfone 2, chegando redondo no mercado. Será que vale a pena pagar mais pelo Zoom? Vamos por partes.

O bom

A primeira coisa a se falar é do design. O Zenfone 3 Zoom é muito parecido com o Zenfone 3, mas abandona o acabamento em vidro por um acabamento de metal. Esta escolha assim como o posicionamento das suas duas câmeras traseiras de 12 MP o deixam muito parecido com o iPhone 7 (os cabos de carregamento brancos também não ajudam a negar essa, hã, referência).

Na prática, a principal diferença dessa mudança é que você não vai deixar marcas de dedo no aparelho igual acontece no Zenfone 3. Ele também traz um leitor de digital na parte detrás do aparelho, o que é ótimo, mas com uma área de contato menor que a do último modelo.

Sua tela também é superior, sendo AMOLED full HD de 5,5″ 2.5D com Gorilla Glass 5. É uma super tela e que não decepciona tanto na hora de jogar quanto de assistir vídeos. O único estranhamento é sua espessura diferente, que a deixa um pouco acima do corpo do celular, criando quinas que podem ser perigosas para os mais desastrados.

Mas dito isso, o grip é muito bom, talvez até melhor que o do Zenfone 3, então você provavelmente vai ter que se esforçar se quiser derrubá-lo. Uma dica: o Zenfone 3 Zoom possui configurações para seu display e vem com o modo Super Cor, para cores vivas, ativado de fábrica. Você pode alterá-lo para o filtro azul ou para o modo padrão, assim com personalizar o balanço das cores usando uma barra de temperatura bem prática.

O desempenho do processador Snapdragon 625 octa-core de 2.0 Ghz também é excelente. Em nossos testes, o aparelho rodou jogos como Final Fantasy IXHorizon ChaseSuper Mario Run com tranquilidade e sem pegar fogo.

Bom, mas vamos falar agora do diferencial: as câmeras traseiras duplas de 12 MP e sua câmera frontal de 13 MP. O Zenfone 3 Zoom consegue ter uma melhora significativa em relação ao Zenfone 3 e ao Zenfone Zoom, oferecendo uma das melhores câmeras do mercado e pronto.

Seu zoom digital misto de até 12x melhorou drasticamente em relação aos aparelhos passados. Claro, boa parte das fotos com zoom máximo sacrificarão qualidade, mas fotos tiradas com um zoom médio, de até 6 ou 7 vezes, ainda conservarão uma qualidade e resolução decente, pelo menos para olhos leigos, algo que a vasta maioria dos celulares não faz.

Todas as câmeras filmam em 4K com qualidade e fotografam em RAW, o que é fundamental para fotógrafos profissionais que queiram brincar com este modelo.

Um ponto polêmico é o software de pós-processamento das câmeras. Para chegar a uma qualidade maior com mais luz, nitidez e pixels, o celular combina as duas fotos tiradas pelas câmeras traseiras. No meu caso, que não sou um fotógrafo profissional, achei o trabalho do programa muito competente, realçando sempre as cores nas fotografias.

Porém, para um olhar mais profissional, o software pode atrapalhar mais do que ajudar, pois pode fazer ajustes muito diferentes de forma imprevisível. Como solução, a câmera oferece um modo manual robusto que deve acalmar o mais feroz dos ânimos, mas para o público geral, o modo automático já deve dar e sobrar.

Uma ressalva: desligue o modo embelezamento da câmera frontal! De fábrica, ele vem como o padrão, que pode ser desativado apenas movendo-o para a segunda posição na interface. Digamos que a funcionalidade não apenas não ajuda, como ainda enfeia a foto. Não precisamos entrar em detalhes; quanto menos falarmos do modo embelezamento, melhor.

O que o Zenfone 3 Zoom tem de melhor, porém, não está na câmera, mas na bateria: são 5.000 mAh responsas que aguentam tranquilamente o tranco do dia-a-dia. Em uso moderado, uma carga pode durar, fácil, dois dias. Em nossos testes, usando o celular para coberturas, fotos e filmagens e usando a rede de dados para transferência, o celular aguentou sem deixar na mão nem precisar tomar um ar usando um power bank.

Ele até vem com um cabo que pode ser usado para dar carga em outros aparelhos, convertendo o próprio Zenfone 3 Zoom em um power bank. Porém, esta funcionalidade não é tão eficiente: o tempo de carga é mais lento que o de um banco convencional, portanto, ele é mais útil sendo usado para impedir que outro aparelho se desligue enquanto você procura uma tomada.

(Divulgação)

O ruim

O áudio do aparelho, infelizmente, não está à altura da sua câmera nem da sua tela. Seus auto-falantes são bons, mas apenas bons, e sua captação de áudio me pareceu ligeiramente inferior ao do Zenfone 3: em nossos vídeos para o Mais Goiás, as gravações com o Zoom ficaram mais baixas.

Seu carregador, embora competente, não é de carga-rápida, então quando seu celular estiver esgotado, ele levará um tempinho para dar carga completa. Recomenda-se, portanto, deixar para carregá-lo sempre no final do dia.

Em seu design, permanecem apenas duas falhas: seu auto-falante não é bem posicionado. Na parte debaixo do aparelho, ainda é muito fácil bloqueá-lo com a mão.

Já o outro problema é recorrente desde o Zenfone 5: o aparelho possui três botões em sua base, nenhum deles iluminados. Manter esta decisão nos celulares passados era OK, insistir nela a essa altura do campeonato é só teimosia.

O único problema grave do Zenfone 3 Zoom continua sendo seu sistema operacional. Enquanto todos os principais lançamentos da concorrência estão vindo com Android 7.0 de fábrica, o Zenfone 3 Zoom ainda vem com o Android 6.

Parte deste atraso vem por causa do seu outro grande defeito: a ZenUI, versão personalizada do Android criada pela Asus, o que leva há longos tempos de espera por atualizações.

Além de defasada, a ZenUI sofre com bloatware e o celular pode apresentar bugs e crashes que ainda precisam ser sanados por atualizações futuras. Outros jornalistas, como Paulo Higa do Tecnoblog, chegaram a encontrar erros de português em várias telas, algo que passou batido pela gente.

E ela continua tão pouco intuitiva e irritante como sempre: tente não ficar furioso com seu teclado e autocorretor bizarro nos primeiros minutos. Pelo lado bom, o bloatware diminuiu consideravelmente, mas ainda existem aplicativos inúteis de fábrica que ninguém nunca irá usar, como a rede social cópia do Instagram, ZenCircle, ou o chat ZenTalk, que acabam só ocupando espaço.

Veredito

O Zenfone 3 Zoom é um celular muito bom, especialmente por sua tela full HD, sua bateria gigante e, é claro, por suas câmeras. Com estas melhoras, o aparelho tenta compensar por erros recorrentes, como uma interface ruim e um sistema operacional atrasado.

O ponto final acaba sendo: este é um celular para quem quer tirar vantagem das suas câmeras ou senão quer um aparelho com uma grande bateria sem ter que sacrificar design e tamanho.

Se estes pontos não fazem diferença para você, o Zenfone 3 comum já dá conta do recado e sua configuração mais robusta vem pelo mesmo preço do Zenfone 3 Zoom mais básico: R$ 1.899. Fica a critério dos interesses e necessidades de cada usuário.