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Procon

Wepink é autuada em Goiás e acumula milhares de reclamações por atrasos e falta de entrega

Startup de cosméticos da influenciadora Virgínia Fonseca espera faturar 1,5 bilhão este ano, mas contabiliza mais de 95 mil denúncias no Reclame Aqui

Mulher olha para uma caixa vazia enquanto fala ao telefone
Conhecida pelas lives e marketing agressivo, marca de cosméticos Wepink é autuada pelo Procon GO por desrespeito ao consumidor (Foto: Freepink)

A startup de cosméticos Wepink foi autuada pelo Procon Goiás por descumprimento de prazos de entrega, falta de assistência ao consumidor e não cumprimento das obrigações previstas no Código de Defesa do Consumidor. A ação do órgão estadual ocorreu após o registro de cerca de 340 reclamações feitas entre os anos de 2024 e 2025 por consumidores que relatam atrasos excessivos, produtos não entregues e dificuldades em conseguir reembolso ou qualquer tipo de suporte pós-venda.

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Uma das denúncias que mais chamou a atenção foi de uma consumidora que afirmou estar há sete meses aguardando pela entrega de produtos adquiridos no site da marca. Segundo ela, mesmo após solicitar o cancelamento da compra e o estorno dos valores pagos, não obteve retorno da empresa. Em outro caso, de uma consumidora de São Paulo e descrito no site Reclame Aqui, a espera passa de um ano e enfrenta a mesma dificuldade para desfazer o negócio. 

Para o superintendente do Procon Goiás, Marco Palmerston, o consumidor tem direito à restituição integral dos valores pagos ou à entrega imediata do produto equivalente, além de possível indenização por eventuais perdas e danos. A empresa tem 20 dias para apresentar a defesa ao Procon. A empresa tem 20 dias para apresentar sua defesa.

Insatisfação nacional

Não é só em Goiás que as consumidoras têm procurado o Procon para reclamar. No Reclame Aqui, a marca acumula mais de 32 mil reclamações nos últimos seis meses — e mais de 95 mil queixas no último ano. Os principais problemas relatados são atraso na entrega, pedido não recebido, estorno não realizado e propaganda enganosa.

Mesmo com a empresa mantendo índice de resposta acima de 90% na plataforma, 36,5% dos consumidores afirmam que não voltariam a fazer negócios com a Wepink — um indicador crítico para uma marca que se apoia fortemente em imagem e confiança.

Marketing pesado

A Wepink surgiu em 2021 e rapidamente se tornou uma das marcas de cosméticos mais faladas do país, graças à força da influenciadora Virgínia Fonseca, uma das fundadoras. Comandada também por Samara Pink, a marca se especializou em marketing direto, utilizando lives promocionais com ofertas relâmpago como principal motor de vendas. Em uma dessas transmissões, por exemplo, a marca faturou R$ 4,6 milhões em apenas 20 minutos.

A estratégia agressiva deu resultados expressivos: a empresa teria faturado R$ 378 milhões em seus dois primeiros anos de existência, segundo estimativas divulgadas pela Forbes. Somente em novembro de 2024, durante o mês da Black Friday, o faturamento teria ultrapassado os R$ 114 milhões, com mais de 723 mil produtos vendidos. A meta para 2025 é ambiciosa: chegar a R$ 1,4 bilhão em vendas.

Esses números, no entanto, contrastam com a crescente insatisfação de uma parcela significativa dos consumidores, que questiona a capacidade da empresa de honrar suas promessas de entrega e atendimento. O caso da Wepink evidencia os desafios enfrentados por marcas que crescem com rapidez e visibilidade, mas que, ao mesmo tempo, acumulam passivos de confiança que podem custar caro à reputação.

A coluna procurou a empresa Wepink, mas até o momento da publicação, não teve retorno. O espaço continua aberto. 

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