Crítica: ‘Maria Callas’ (2024) com Angelina Jolie
Longa-metragem foi dirigido por Pablo Larraín

Confesso que fui assistir “Maria Callas” carregando um certo pré-conceito já que não gostei das outras duas adaptações de figuras femininas feita pelo diretor Pablo Larraín. Em trabalhos como “Jackie”, e depois “Spencer” sobre a princesa Diana, Larraín escolhe um período na vida de suas personagens para explorar uma mulher na busca de sua força própria diante de circunstâncias desafiadoras. Mas ao menos para mim, a direção sempre me pareceu distante e engessada, assim como as atuações. Tudo muito sem vida e emoção.
Em “Maria Callas”, Larraín centraliza a trama na última semana de vida da renomada cantora de ópera que dá título ao filme, e aproveita seu problema mental para voltar ao passado e mostrar trechos de sua antiga vida.
Diante de todo o meu ceticismo, confesso que acabei gostando mais de “Maria Callas” do que imaginava. Ainda continua um filme distante emocionalmente falando, mas ao usar a fragilidade de Maria, e suas alucinações, para brincar com a percepção do público do que é real, e mostrar a queda de uma estrela que não consegue mais cantar como antes, o roteiro de Steven Knight (Peaky Blinders) consegue desenvolver uma figura instigante, debilitada, frágil, mas hipnotizante.
E Angelina Jolie vai se desenrolando com maestria ao longo da narrativa. O texto lhe proporciona vários momentos onde ela mistura com habilidade a sagacidade de Callas, com seu estilo forte e sedutor, mas também sua vulnerabilidade e inconformismo em não aceitar sua atual realidade.
Longe de ser uma cinebiografia convencional, e mais interessada no desfecho amargo de seus últimos dias, ainda que tenha problemas “Maria Callas” consegue ser o melhor filme da trilogia de mulheres importantes feita por Larraín até agora.
Maria/ITÁLIA, ALEMANHA, CHILE, EUA – 2024
Dirigido por: Pablo Larraín
Com: Angelina Jolie, Pierfrancisco Favino, Alba Rohrwacher…