SAÚDE

Afinal, o que é melhor: banho quente ou frio? A ciência responde

Ambos têm benefícios e desvantagens

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Mulher no chuveiro - Foto: Reprodução

De um lado, o pessoal que ama um relaxante banho quente. Do outro, aqueles que gostam de um refrescante banho frio, especialmente nessa época. Qual será o melhor para a saúde, afinal?

De acordo com especialistas, eles têm diferentes impactos no organismo, e há uma temperatura ainda melhor para a água.

Banho quente

Segundo uma análise apresentada na Conferência Internacional Conjunta de 2018 sobre Análise de Sistemas de Distribuição de Água e Computação e Controle para a Indústria da Água, a maioria das pessoas realmente prefere a água do chuveiro bem quentinha: entre 40 e 41 °C, em média.

O benefício nesse caso é óbvio: banho quente é mais agradável, porque é relaxante. Estudos mostraram que eles ajudam a dormir melhor, e a água quente pode aliviar a tensão corporal, a fadiga muscular e até mesmo condições crônicas como a osteoartrite.

Tomar banhos quentes também pode melhorar a circulação. Quando expostos ao calor, os vasos sanguíneos do corpo se dilatam, e a imersão em água morna demonstrou melhorar a rigidez arterial — um fator importante no desenvolvimento de doenças cardiovasculares — e o fluxo sanguíneo em pessoas com insuficiência cardíaca crônica.

Mas tudo tem um outro lado. A água quente remove os óleos naturais da pele, causando ressecamento, coceira e, eventualmente, eczema, então não é uma opção muito apreciada pelos dermatologistas. O mesmo acontece com os óleos naturais do cabelo, que são perdidos, deixando-o mais seco.

Mesmo a redução da pressão arterial pode ser uma faca de dois gumes. Muita gente acaba tendo queda na pressão, sente tontura e cai no meio do banho. Os médicos de emergência garantem receber traumatismos cranianos em razão de quedas no chuveiro.

“O calor faz com que grande parte do sangue se desloque para os tecidos superficiais (um mecanismo que o corpo usa para se resfriar)”, disse o cardiologista Hassan Makki ao site CIC Centers.. “Com menos sangue disponível, por assim dizer, mesmo uma pequena queda na pressão arterial pode causar síncope.”

Banhos frios

Dizem que os banhos frios são bons para acalmar impulsos indesejáveis ​​– médicos nos séculos XVIII e XIX os prescreviam como panaceia para tudo o que consideravam “insanidade”.

Embora não existam dados que apontem benefícios para a saúde mental, diversos estudos que indicam um efeito de fortalecimento do sistema imunológico proporcionado pelos banhos frios, embora o mecanismo por trás disso ainda não seja completamente compreendido – pode ter algo a ver com o sistema nervoso simpático, que é ativado pela água fria e desencadeia nosso reflexo de luta ou fuga.

Banhos de água fria também podem melhorar a circulação. Acredita-se que isso aconteça depois do contato com a água fria: o corpo precisa trabalhar mais para se aquecer novamente, o que estimula um maior fluxo sanguíneo para a pele.

E quando há um esforço extra, há também uma queima extra de calorias. Água muito fria – a temperaturas tão baixas quanto 14°C – demonstrou aumentar o metabolismo em 4,5 vezes, o que leva à ideia de banhos frios podem impulsionar a perda de peso. A isso se soma a ideia de que a gordura marrom – o tipo de gordura considerado a chave para combater a obesidade – é ativada por temperaturas frias e armazenada principalmente ao redor dos ombros e pescoço, tornando-a aparentemente perfeita para um tratamento de emagrecimento com banho frio.

E, por fim, há os benefícios mentais de um banho frio. “Existe uma corrente de pensamento que defende que a imersão em água fria aumenta o estado de alerta mental”, disse Lindsay Bottoms, professora de Fisiologia do Exercício e da Saúde na Universidade de Hertfordshire, em um artigo para o The Conversation, observando que a aplicação de água fria no rosto e pescoço demonstrou melhorar a função cerebral em adultos mais velhos.

“Um banho frio também pode ajudar a aliviar os sintomas da depressão”, acrescentou ela. “Um mecanismo proposto é que, devido à alta densidade de receptores de frio na pele, um banho frio envia uma quantidade enorme de impulsos elétricos das terminações nervosas periféricas para o cérebro, o que pode ter um efeito antidepressivo.”

Mas, novamente, existem perigos em banhos extremamente frios. A imersão em água gelada pode causar choque térmico, o que pode causar uma série de reações – desde hiperventilação até ataques cardíacos.

O que é melhor?

Se ambos os extremos da escala de temperatura têm benefícios, qual é a escolha ideal? Os especialistas em saúde parecem estar bastante unânimes sobre essa questão – e a resposta é um decepcionante “algo no meio”.

“A melhor solução é tomar um banho morno e, em seguida, enxaguar com água fria nos últimos segundos para ainda aproveitar os benefícios da água fria”, disse o dermatologista Carl Thornfeldt ao The Healthy.

E se, nos momentos de calor intenso, você estiver tomando banho para se refrescar, certifique-se de não exagerar. A água fria não vai realmente diminuir a temperatura corporal interna – que é o que o corpo está se esforçando desesperadamente para estabilizar durante momentos de calor intenso. Assim, é sempre recomendável tomar um banho morno, em vez de um banho frio.

Via O Globo