FALTA DE ESTUDOS

Anvisa volta atrás e cancela aval a spray nasal contra Covid

Segundo agência, auditoria mostrou que o produto não era igual ao que havia sido descrito

Teste em animais apontou proteção no nariz. Vacina brasileira contra Covid em spray nasal entra com pedido para testes em humanos
Anvisa volta atrás e cancela aval a spray nasal contra Covid (Foto: Reprodução Istoé)

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) cancelou a liberação do spray nasal contra a Covid no Brasil nesta quarta-feira (19).

A agência reguladora havia deferido o pedido da Belcher Farmacêutica autorizando a importação e distribuição do Taffix em 30 de dezembro. O spray é fabricado pela biofarmacêutica israelense Nasus Pharma.

A descrição do produto diz que ele pode ser utilizado para bloquear diversos vírus respiratórios, incluindo o coronavírus, dentro da cavidade nasal.

A agência reguladora, porém, constatou que não foram apresentados estudos clínicos que comprovem essa afirmação, o que torna necessário o cancelamento imediato da liberação. A decisão será publicada no Diário Oficial desta quarta-feira (19).

Segundo a Anvisa, a via de autorização do produto pedida dispensa análise técnica prévia para a regularização do produto. Após a liberação, uma auditoria comprovou que o produto não correspondia à descrição devido à falta de estudos de eficácia.

A agência reguladora esclareceu que as empresas responsáveis que desejarem regularizar sprays antivirais devem comprovar todas as indicações de uso propostas por meio de estudos clínicos.

A previsão da Belcher era que o primeiro lote do Taffix chegaria ao Brasil em fevereiro e estaria disponível nas farmácias a partir da última semana do mês. A farmacêutica informou que o produto é comercializado em mais de 30 países.

Segundo a empresa, após aplicar o spray, uma camada de gel ultrafina é formada na mucosa nasal. Essa proteção evitaria que até 99% dos vírus entrassem nas células presentes no nariz, principal porta de entrada para a transmissão da Covid-19 e outras doenças virais.

“Essa camada protetora é formada em 50 segundos e assegura uma proteção contínua contra os vírus por 5 horas. O mecanismo de proteção foi comprovado em vários estudos laboratoriais, entre eles os realizados na Universidade da Virgínia e pelo Ministério da Saúde de Israel”, disse em nota o laboratório.

O produto não é o mesmo anunciado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). No ano passado, o presidente anunciou que o spray nasal EXO-CD24, originalmente desenvolvido para combater câncer de ovário, deveria ser testado no Brasil contra Covid-19.