ASTRAZENECA

Após atrasos, entrega de vacina própria da Fiocruz segue sem previsão

A entrega da vacina da AstraZeneca de produção totalmente nacional pela Fiocruz segue sem previsão concreta, assim…

Vacinas da Astrazeneca
Após atrasos, entrega de vacina própria da Fiocruz segue sem previsão (Foto: reprodução/Agência Brasil)

A entrega da vacina da AstraZeneca de produção totalmente nacional pela Fiocruz segue sem previsão concreta, assim como sem definição a respeito da quantidade a ser fabricada no país.

Após uma série de atrasos no processo, a fundação passou a estimar as entregas para o último trimestre de 2021, mas sem especificar a data.

Inicialmente, a distribuição da vacina produzida a partir do IFA (ingrediente farmacêutico ativo) nacional estava prevista para começar em agosto, somando 110 milhões de doses até dezembro.

Porém, a assinatura do contrato de transferência de tecnologia com o laboratório AstraZeneca, que deveria ter ocorrido em dezembro de 2020, foi adiada para fevereiro, depois abril e maio, e acabou acontecendo apenas em junho deste ano.

Com isso, a conclusão dos dois primeiros lotes com IFA nacional por Bio-Manguinhos (Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos) aconteceu somente no final de setembro.

Segundo a Fiocruz, esses dois lotes de pré-validação foram aprovados em testes internos de qualidade e agora estão sendo avaliados em laboratórios nos Estados Unidos. O objetivo é comparar os IFAs nacional e estrangeiro, garantindo que o insumo produzido no Brasil tem os mesmos padrões de qualidade e segurança.

Para que as doses possam ser distribuídas, após o controle de qualidade, ainda é necessário que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprove o pedido de alteração de registro da vacina, contemplando o novo local de fabricação do IFA, o que deve ocorrer em novembro. Por isso, a Fiocruz diz que ainda não é possível estimar a quantidade que será liberada para entrega ainda este ano.

Também está em andamento a produção de outros quatro lotes a partir do IFA nacional. Segundo a Fiocruz, até o final de 2021 a previsão é que 30 milhões de doses tenham sido ou estejam sendo produzidas.

“Considerando todas as etapas necessárias, a grande complexidade do processo de produção, o longo tempo de controle de qualidade nessa fase, questões regulatórias e a escassez de insumos no mercado internacional, ainda não é possível afirmar o quantitativo nacional que estará produzido e liberado ainda este ano, mas a entrega mensal de vacinas está garantida”, disse a Fiocruz em nota.

Ao longo do ano, a vacinação com a AstraZeneca foi interrompida diversas vezes pela falta de insumos. Em agosto, o Ministério da Saúde autorizou a aplicação da Pfizer para a segunda dose, quando não houver AstraZeneca nos estoques.

Nas vezes em que a vacina esteve em falta, a Fiocruz reforçou que isso ocorreu devido à escassez do IFA importado da China, matéria-prima para a produção das doses. A fundação diz que permanece com capacidade de produção superior à de disponibilização do insumo.

Inicialmente, a previsão era de que 100,4 milhões de doses fossem produzidas pela Fiocruz, a partir do IFA importado, até julho. A fundação acabou entregando, porém, 76,4 milhões de doses, o que corresponde a 76% do esperado. Em junho e julho, a produção ficou bastante abaixo das expectativas.

“Nos meses de fevereiro a abril, houve um esforço da AstraZeneca em enviar um número de lotes maior do que o acordado para permitir o escalonamento da produção. A partir de maio, a farmacêutica retomou o envio de dois lotes mensais contratados e a instituição permaneceu por alguns períodos com capacidade de produção superior ao insumo recebido”, disse a Fiocruz em nota.

Em julho, a fundação anunciou que firmou compromisso para a aquisição de IFA importado suficiente para entregar 70 milhões de doses a partir de agosto. De agosto até o dia 20 de outubro, 33 milhões de doses foram distribuídas. De março a outubro, a Fiocruz entregou 113,8 milhões de doses, o que corresponde a 35% das vacinas distribuídas no país.

Em nota, a Fiocruz afirmou que até a terceira semana de novembro estarão garantidas entregas semanais ininterruptas, devido a uma nova remessa de IFA importado, prevista para desembarcar no próximo domingo (24), suficiente para produzir mais 5,6 milhões de doses.

Além disso, segundo a fundação, há mais 16,7 milhões de vacinas que se encontram em diferentes estágios, sendo 15 milhões em controle de qualidade, para liberação a partir da próxima semana.