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Ar de academias é mais propenso a gerar infecções por Covid, diz estudo

Muitas academias parecem estar cheios de pessoas e grupos ansiosos para retomar suas antigas atividades…

Foi analisado o ar que pessoas exalavam em repouso e durante treinos. Ar de academias é mais propenso a gerar infecções por Covid, diz estudo
(Foto: Pexels)

Muitas academias parecem estar cheios de pessoas e grupos ansiosos para retomar suas antigas atividades novamente ou entrar em forma para o verão, enquanto novas variantes do vírus ômicron estão aumentando as infecções por Covid. Então, é seguro ir para a academia?

Colocando de outra forma, quantas partículas microscópicas de aerossol os ciclistas na sua aula de spinning estão expirando pela sala? Quantas estão cuspindo o corredor na esteira ao lado? Um pequeno estudo sobre respiração e exercício publicado em maio no Proceedings of the National Academy of Sciences oferece algumas respostas.

O estudo analisou o número de partículas de aerossol que 16 pessoas exalavam em repouso e durante treinos. Esses minúsculos pedaços de matéria transportados pelo ar –que medem apenas algumas centenas de micrômetros de diâmetro, ou aproximadamente a largura de um fio de cabelo, e ficam suspensos na névoa que sai de nossos pulmões– podem transmitir o coronavírus se alguém estiver infectado, transportando o vírus pelo ar de um par de pulmões para outro.

O estudo descobriu que, em repouso, homens e mulheres expiram cerca de 500 partículas por minuto. Mas quando se exercitam esse total aumenta 132 vezes, chegando a mais de 76 mil ppm, em média, durante o esforço mais extenuante.

Essas descobertas ajudam a explicar por que vários eventos notáveis de superdisseminação da Covid desde 2020 ocorreram em aulas de ginástica em ambientes fechados. Elas também podem renovar as preocupações de algumas pessoas sobre os programas de ginástica em espaços internos, pois os casos da doença estão aumentando novamente em muitas partes do mundo e levantam questões sobre a melhor forma de reduzir os riscos de exposição quando nos exercitamos.

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Em geral, amontoar corpos que respiram com dificuldade em espaços fechados é uma maneira ruim de evitar a transmissão da Covid-19 ou de outras doenças respiratórias. Em 2020, 54 sul-coreanos desenvolveram Covid após aulas de Zumba com instrutores infectados, e depois passaram a doença para familiares e conhecidos.

Mais tarde, naquele ano, os dez membros de uma aula de spinning no Havaí ministrada por um instrutor infectado receberam o resultado positivo, assim como outros 11 que entraram em contato próximo com um dos membros da classe: um personal trainer e instrutor de kickboxing.

Os cientistas que investigam esses e outros surtos semelhantes especularam que a ventilação inadequada e as altas taxas de respiração entre os praticantes contribuíram para a propagação da Covid nas academias afetadas. Mas os cientistas só podiam supor até que ponto o exercício aumenta os níveis de partículas de aerossol nas áreas da academia. Medir com precisão o acréscimo das partículas flutuantes durante o treino é difícil.

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Assim, no estudo, um grupo de cientistas do exercício e pesquisadores de dinâmica de fluidos na Alemanha desenvolveu uma nova maneira de medir a emissão de aerossóis, usando uma única bicicleta ergométrica e um ciclista dentro de uma barraca hermética. Os ciclistas usavam máscaras de silicone que captavam sua respiração exalada, enviando o ar por tubos até uma máquina que contava cada partícula à medida que passava.

Os pesquisadores mediram primeiro a produção de partículas das pessoas enquanto estavam sentadas e depois enquanto andavam num ritmo cada vez mais rápido até que estivessem cansadas demais para continuar. As partículas eram contadas constantemente.

Os cientistas esperavam que a produção de aerossol dos praticantes crescesse conforme a intensidade aumentasse. Todos nós respiramos mais profunda e rapidamente à medida que nos exercitamos mais. Mas a extensão do aumento “nos surpreendeu”, disse Henning Wackerhage, professor de biologia do exercício na Universidade Técnica de Munique e principal autor do estudo.

O aumento das emissões de aerossóis começou moderadamente, enquanto os ciclistas se aqueciam e começavam a pedalar com mais força. Mas quando eles atingiram um limite em que o exercício ficou visivelmente mais extenuante –quando uma caminhada rápida se torna uma corrida ou uma aula de spinning muda para intervalos– o aumento das emissões se tornou exponencial.

Os ciclistas começaram a soprar aproximadamente dez vezes mais ar por minuto do que em repouso, enquanto o número de partículas por minuto aumentou mais de cem vezes à medida que os ciclistas se aproximavam da exaustão (com variação considerável de pessoa para pessoa).

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Em uma sala cheia de ciclistas de spinning, corredores em esteira ou em circuito militar, “a concentração de partículas de aerossol aumentaria muito”, disse Benedikt Mutsch, estudante de pós-graduação no Instituto de Mecânica dos Fluidos e Aerodinâmica da Universidade das Forças Armadas Alemãs em Munique e coautor do estudo. Quanto mais partículas, maior a possibilidade de infecção por Covid se algum praticante estiver contaminado.

“O estudo fornece dados mecanicistas para apoiar a suposição de que o exercício em ambientes fechados é uma atividade de maior risco quando se trata de transmissão da Covid-19” do que praticar exercícios ao ar livre, disse Linsey Marr, professora de engenharia civil e ambiental na Virginia Tech e especialista em transmissão aérea de vírus.

Mas esses riscos podem ser atenuados. “Boa ventilação e troca de ar são uma ótima maneira de reduzir o risco de transmissão”, disse Chris Cappa, professor de engenharia civil e ambiental na Universidade da Califórnia em Davis e especialista em dinâmica do fluxo de ar.

Além disso, fique bem longe de outros praticantes. “O distanciamento social de 1,80 m ou mais é sempre importante”, disse Mutsch. Mas pode não ser suficiente durante as extenuantes aulas de ginástica em locais fechados.

O estudo não rastreou até onde as partículas de aerossol dos ciclistas fluíam, mas é provável que elas vão bem além de 1,80 m, disse ele. Portanto, mantenham pelo menos 2,5 a 3 m de distância dos outros em treinos extenuantes, que exigem salas grandes e turmas pequenas.

As próprias aulas também devem ser espaçadas. “Se houver aulas de exercícios consecutivas, parte do ar da primeira aula será transferida para a segunda”, disse Cappa. Certifique-se de que haja intervalos de pelo menos 15 e de preferência 30 minutos entre as sessões para permitir que o ar se renove.

E também use máscara. “As máscaras respiratórias reduzem as emissões de aerossóis”, disse Wackerhage.