Crise

Araújo Jorge recebe promessa de aporte do governo, mas serviços ainda podem ser suspensos

Passados três meses desde que a grave situação pela qual passa o Hospital Araújo Jorge…

Passados três meses desde que a grave situação pela qual passa o Hospital Araújo Jorge foi divulgada, a unidade ainda está longe de sair da crise. Segundo Paulo Moacir de Oliveira Campoli, presidente da Associação de Combate ao Câncer em Goiás (ACCG) — órgão mantenedor do hospital – o transplante de medula óssea ainda corre o risco de ser suspenso, mas agora com o prazo estabelecido para janeiro.

A crise do hospital foi anunciada por seus próprios gestores no início de agosto deste ano. Eles iniciaram uma campanha para obter junto ao poder público as receitas necessárias para cobrir as perdas de cerca de R$ 1,3 milhão que a unidade sofria por mês e que colocava em risco a continuidade de alguns serviços.

Os gestores e pacientes do hospital receberam uma boa notícia nesta segunda (7), quando o secretário de Estado da Saúde, Leonardo Vilela, assegurou à ACCG que irá complementar o valor pago por diária de UTI aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) do Hospital Araújo Jorge. De acordo com Paulo Moacir, a unidade possui 11 leitos de UTI, dos quais apenas sete são credenciados pelo SUS. “Desses, recebemos um aporte de R$ 700 por diária, um valor muito abaixo do que realmente custa um leito de UTI em um hospital especializado”, afirma. O acordo firmado com o secretário permite que a unidade receba uma complementação que outros hospitais de Goiânia e do interior já recebem, que totalizariam diárias de R$ 1.100 para todos os leitos de UTI do hospital.

“Autorizei fazer um aditivo no protocolo de cooperação entre os entes públicos, firmado com o município de Goiânia, para complementar as diárias, inicialmente de sete leitos, e posteriormente de mais quatro leitos, totalizando 11 leitos”, disse o secretário. A medida representa um adicional de aproximadamente R$ 75 mil por mês. “Creio que isso vai dar um alívio nas dificuldades enfrentadas na UTI, é o que esperamos”, acrescentou.

Paulo Moacir ressalta que a iniciativa traz certo alívio, mas está longe de resolver os problemas do Araújo Jorge. A situação do hospital chegou a ser amenizada com o início do cumprimento de um acordo feito com o governo estadual, que garantia o repasse mensal de R$ 800 mil. O valor foi entregue à ACCG nos meses de junho, julho e agosto, mas desde setembro está em atraso.

“Outra promessa que o secretário nos fez foi de que seriam feitos os repasses dos últimos meses. Ele assegurou que o governo deve repassar o recurso para a Secretaria de Saúde para quitar o atraso”, pontua o presidente. Os valores totalizariam um incremente de cerca de R$ 2,4 milhões.

Na reunião com representantes da ACCG, o secretário também afirmou que irá atuar na Câmara dos Deputados, em Brasília, onde esteve durante doze anos cumprindo mandato, pela aprovação do Projeto de Lei do Congresso Nacional (PLN 22). O projeto está prestes a entrar na pauta de votação da Câmara Federal e concede abertura de crédito suplementar ao orçamento da Seguridade Social da União, em favor do Ministério da Saúde, no valor de R$ 1,7 bilhão, visando atender diversas demandas na área de saúde em todo o País. Desse montante, R$ 42 milhões serão destinados a Goiás para complementar o deficit dos serviços de oncologia no Estado.

Apesar dos acertos com o governo estadual, Paulo Moacir reclama que, até o momento, a campanha para salvar o hospital ainda não trouxe nenhum resultado objetivo. “Não conseguimos nada com o Ministério da Saúde ou com a Secretaria da Saúde Municipal”, diz.

De acordo com ele, os amparos recebidos nos últimos meses do governo estadual e de mobilizações da própria sociedade permitiram que a situação do Araújo Jorge fosse contida. Porém, cortes de serviços ainda podem acontecer. “Dezembro é mês de 13º. Se a situação não regularizar, se nada acontecer, em janeiro teremos que tomar uma medida mais drástica”, ressalta. O primeiro serviço a ser cortado, caso o hospital chegue efetivamente a esse ponto, deve ser o de transplante de medula óssea, que provoca prejuízos de R$ 500 mil por mês. Atualmente, são feitos em média quatro ou cinco procedimentos do tipo por mês no Araújo Jorge, que recebe pacientes de todo o Estado e de outras regiões do País.