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Bolsonaro se diz perseguido e nega plano para fugir do Brasil: “Suprema humilhação”

Ex-presidente enfrenta um processo por acusação de liderar uma trama golpista

Bolsonaro se diz perseguido, vê 'suprema humilhação' e nega plano para fugir do Brasil Ex-presidente acusação de liderar uma trama golpista
Foto: Jucimar de Sousa/Mais Goiás

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar as decisões judiciais e afirmou estar sendo vítima de perseguição. Em declaração nesta sexta-feira (18), ele disse que jamais cogitou fugir do país ou se esconder em embaixadas, classificando as medidas do Supremo Tribunal Federal (STF) como uma “suprema humilhação”. As falas ocorrem após ele ser alvo de uma operação da Polícia Federal, que cumpriu buscas na casa do político e na sede do PL.

No centro das atenções, Bolsonaro se diz perseguido e nega plano para fugir do Brasil, reforçando que jamais pensou em abandonar o território nacional. “É a quarta busca e apreensão em cima de mim. Tenho 70 anos, sou ex-presidente da República, é uma suprema humilhação. O inquérito do golpe é político, não tem nada de concreto”, afirmou o ex-presidente, em entrevista em frente à sede da Polícia Federal em Brasília.

As medidas cautelares impostas pelo STF incluem o uso de tornozeleira eletrônica, restrições de circulação à noite e nos fins de semana, além da proibição de contato com investigados e diplomatas. Bolsonaro criticou duramente a decisão, alegando que o processo é motivado por “suposições” e perseguição política.

A defesa do ex-presidente também se manifestou publicamente, alegando “surpresa e indignação” com as determinações do STF. Os advogados ressaltaram que Bolsonaro sempre cumpriu todas as ordens judiciais e consideram o episódio mais um capítulo daquilo que chamam de perseguição política.

Durante a operação, a Polícia Federal apreendeu cerca de US$ 14 mil na residência de Bolsonaro. Questionado, o ex-presidente minimizou: “Sempre guardei dólar em casa, pô. Todo dólar pego tem recibo do Banco do Brasil”.

Com a tornozeleira eletrônica, Bolsonaro passa a ser monitorado justamente no período que antecede o julgamento da chamada “trama golpista”, que poderá levá-lo à prisão. Sobre o caso, ele ironizou: “É golpe de festim”.

Ainda segundo Bolsonaro, as acusações de plano para fuga são absurdas. “Sair do Brasil é a coisa mais fácil que tem. Não conversei com ninguém sobre isso”, garantiu. Ele afirmou que o filho, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro, deve permanecer nos Estados Unidos. “Ele não volta mais, se voltar é preso”, disparou.

O ex-presidente também criticou o governo Lula e a condução da política externa após o anúncio de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros pelo ex-presidente Donald Trump. Para Bolsonaro, as ações do governo norte-americano estão ligadas ao processo que enfrenta no STF. “Trump quer que parem esse processo. O Lula não conversa com Trump, nem o ministro com Marco Rubio”, declarou.

Bolsonaro disse ainda que teria um almoço com embaixadores, cancelado por conta das restrições, e acusou o governo de perder protagonismo diplomático. “Tenho mais contato com embaixadores do que o próprio ministro das Relações Exteriores”, provocou.

A decisão contra Bolsonaro foi assinada por Alexandre de Moraes, que classificou a atuação do ex-presidente e de Eduardo como “atentados à soberania nacional”. Moraes citou a aproximação do bolsonarismo com Trump e críticas de Bolsonaro ao BRICS, afirmando que tudo isso agrava o cenário.

O caso acontece em meio ao fortalecimento do bolsonarismo nos EUA. Eduardo Bolsonaro segue atuando no exterior, enquanto o pai, no Brasil, insiste: “não fugi, não vou fugir, estou sendo perseguido, isso é suprema humilhação”.