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Brasil tem ao menos 2 mil endereços com nomes ligados à ditadura militar; veja total em Goiás

Acusados de tortura, execução e ocultação de cadáver estão entre homenageados

Brasil tem ao menos 2 mil endereços com nomes ligados à ditadura militar; veja total em Goiás Acusados de tortura estão entre homenageados
Avenida Castelo Branco, em Goiânia: nome homenageia ex-presidente da ditadura (Foto: Prefeitura de Goiânia)

Um levantamento da Folha de São Paulo feito a partir dos dados do Censo 2022 mostra que o Brasil tem mais de 2 mil endereços ligados à ditadura militar (1964-1985). Ruas, avenidas e praças ainda carregam nomes de presidentes do regime, de militares apontados pela Comissão Nacional da Verdade como responsáveis por violações de direitos humanos e até da data de 31 de março, considerada marco do golpe.

De acordo com os números, são 2.039 logradouros em todo o país que homenageiam personagens ou acontecimentos do período. Entre eles, estão referências diretas a ex-presidentes como Castello Branco, Costa e Silva e Emílio Garrastazú Médici.

Goiás também aparece no ranking

Em Goiás, foram identificados 75 endereços com nomes associados à ditadura militar. O número coloca o estado no meio da lista nacional, à frente de outros como Mato Grosso (63), Amazonas (50) e Ceará (59).

A quantidade é menor que a de grandes estados como São Paulo (243), Bahia (227), Paraná (176) e Minas Gerais (180), mas ainda chama atenção por se tratar de um tema considerado superado pela Comissão Nacional da Verdade em 2014, que recomendou a substituição desses nomes em todo o país.

Nordeste lidera os registros

Na análise regional, o Nordeste concentra a maior parte das homenagens, com 705 endereços. Em seguida, aparece o Sudeste, com 552. Já no Centro-Oeste, onde está Goiás, foram mapeados 208 locais, sendo o Distrito Federal e os estados vizinhos parte desse total.

A persistência dessas homenagens mostra como a discussão ainda é atual, mesmo após mais de 40 anos do fim do regime.

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Castello Branco é o mais lembrado

Entre os nomes que mais aparecem nos registros, o do ex-presidente Castello Branco lidera, com menções em 729 endereços em todo o Brasil. A data de 31 de março ocupa o segundo lugar, batizando ao menos 363 ruas e avenidas.

Para especialistas, essas homenagens demonstram como a memória do regime militar ainda está presente no espaço público, mesmo diante de esforços de entidades e movimentos sociais para renomear esses locais.

Debate ainda divide opiniões

Apesar das recomendações da CNV, os avanços foram tímidos. Projetos de lei chegaram a propor a substituição de nomes em várias cidades, mas a maioria não saiu do papel. Em Goiás, por exemplo, ainda não há iniciativas consolidadas para alterar os endereços ligados à ditadura militar.

Segundo especialistas, retirar esses nomes não significa apagar a história, mas sim dar visibilidade às vítimas do regime e promover uma cultura de memória mais inclusiva.

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