Folia

Carnaval: Cidades goianas ficam entre corte de custos e grandes investimentos

Com modelos de gestão diferentes, prefeitos dos municípios goianos estão divididos entre investir no Carnaval…

Com modelos de gestão diferentes, prefeitos dos municípios goianos estão divididos entre investir no Carnaval para movimentar a economia da cidade ou empregar o dinheiro em outras áreas. Em Pirenópolis, por exemplo, a folia vai acontecer apenas com o investimento básico da prefeitura. É o que explica o secretário de Turismo, George Medeiros. De acordo com ele, o município vai garantir a organização do trânsito e limpeza da cidade, mas não vai gastar com palcos e bandas.

“Há uma diversidade imensa de turismo histórico e ecológico e entretenimento na cidade. Mesmo sem grandes produções, esperamos a circulação de pelo menos 30 mil turistas”, afirma o secretário. Segundo Medeiros, a decisão de poupar dinheiro foi tomada após a nova gestão terminar a avalição das contas da prefeitura.

De acordo com ele, outras áreas precisam ser organizadas primeiro e não houve tempo o suficiente para planejar o carnaval. “Tentamos patrocínios, mas não houve tempo hábil. Começaremos a planejar o carnaval de 2018 agora, mas sabemos que deixar os foliões a vontade na cidade não é prejuízo algum”, explica Medeiros.

Investimento

Já em Goianésia, a ordem foi investir para arrecadar. Só o município gastou R$ 250 mil, sem contar os R$ 200 mil do Ministério da Cultura e R$ 100 mil da iniciativa privada. De acordo com o secretário de Comunicação do município, Tales Moura, a expectativa é que a prefeitura tenha o retorno de pelo menos R$ 500 mil em impostos e giro de R$ 10 milhões no comércio da cidade. O foco do carnaval da cidade são os foliões que gostam de sertanejo universitário. As duplas Cleber e Cauan, Simone e Simaria, Israel e Rodolfo e Kleo Dibah e Rafael farão shows na cidade.

Diante do tamanho da festa anunciada no município, o Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO) recomendou que o prefeito Renato de Castro (PMDB) não use recursos públicos para realizar o carnaval. Também foi instaurado inquérito civil público para apurar possíveis condutas ilícitas, em especial de improbidade administrativa na utilização de dinheiro do município. Por nota, a Prefeitura de Goianésia informou que respeita o MPGO, mas a agenda do carnaval da cidade permanece inalterada com o objetivo de movimentar a economia da cidade.

Simplicidade

Com bandas regionais e a tradição dos blocos, Caldas Novas aposta nas famílias como público alvo. “As reservas nos hotéis da cidade já chegam a 90% durante o feriado. Diferente dos grupos de amigos que fazem viagens juntos, as famílias têm mais dinheiro para gastar”, explica o secretário de Turismo, Ivan Garcia. A prefeitura vai investir pelo menos R$ 100 mil e a expectativa é de que pelo menos 140 mil turistas passem pela cidade durante o carnaval.

Na sexta-feira, blocos de carnaval vão desfilar da Praça Quatro Rodas até à Mestre Orlando. Na oportunidade também serão eleitos a rainha e o rei momo do carnaval da cidade. “No ano passado, o governo federal liberou R$ 2 milhões de verba, este ano não recebemos nada. Vai ser mais simples, mas temos público cativo”, avalia o secretário.

Valorização

Na Cidade de Goiás, a expectativa é que 100 mil foliões movimentem as diversas atrações culturais preparadas pelos moradores e pela prefeitura. De acordo com a secretária de Desenvolvimento Econômico, Flávia de Brito Rabelo, a dificuldade econômica para realizar o carnaval não é novidade. “Mesmo antes dos problemas financeiros se agravarem em todo o País, nós já os enfrentávamos aqui. Goiás tem uma extensão territorial grande, cinco distritos e 26 assentamentos. A gestão nunca foi fácil”, explica a secretária.

Com investimento de R$ 250 mil, a prefeitura deu preferência aos artistas locais para cortar custos. Marchinhas serão tocadas no coreto, blocos de samba organizados por moradores sairão às ruas e crianças de projetos sociais da cidade participarão de uma matinê. No domingo, as tradicionais escolas de samba se apresentam.

Capital

Em Goiânia, a apresentação das escolas de samba ainda segue indefinida. De acordo com a Secretaria Municipal de Cultura (Secult), as instituições receberão apoio para um encontro durante o feriado, mas não acontecerá desfile. Entretanto, nem mesmo os detalhes deste apoio foram definidos. A organização de blocos na Avenida Goiás ficou para a próxima semana.

“Todo ano é assim. Nosso carnaval depende de querer fazer. O problema não é a crise econômica atual porque em Goiânia o carnaval sempre esteve em crise. Dizem que a festa não é tradição na cidade, mas não é apenas para eles que não sabem nada sobre cultura”, desabafa a secretária-geral da Escola de Samba Beija Flor, Sueli Marques. Neste ano, a escola tem como tema Um Voo Beija Flor sobre o Manto Azul de Nossa Senhora Aparecida.

A presidente da Escola de Samba Flora do Vale, Maria Dalva Mendonça, afirma que a instituição também trabalhos sociais e depende das definições da prefeitura para que o encontro das escolas aconteça. “A única coisa que sabemos é que alguma manifestação cultural vai acontecer no carnaval de Goiânia”, diz a presidente.