altas aventuras

Casal que saiu de Goiânia há oito meses viaja o mundo e mostra tudo nas redes

Rafaela e Denis falam dos perrengues, lugares inusitados, comidas estranhas e muito mais

Rafaela e Denis mostram que é possível explorar o planeta Casal que saiu de Goiânia há oito meses viaja o mundo e mostra tudo nas redes
Foto: Redes Sociais

Um casal que mora em Goiânia trocou a estabilidade da rotina por uma vida na estrada. Rafaela e Denis estão há oito meses viajando o mundo e compartilhando tudo pelas redes sociais no perfil @tripaltasaventuras. Desde então, eles já passaram por 12 países e mais de 40 cidades e ilhas, mostrando que é possível explorar o planeta mesmo com orçamento apertado — e sem glamour.

O casal nasceu em estados diferentes (ela em Brasília, ele em São Paulo), mas vivem em Goiânia há muitos anos. “Nos consideramos goianos do pé rachado”, brinca Rafa, que cresceu em Alexânia antes de se mudar para a capital. Já Denis vive em Goiás há mais de duas décadas.

Atualmente, os dois estão na Turquia, onde realizaram o famoso passeio de balão na Capadócia. O que chama atenção, além das paisagens, é o estilo de viagem: o casal economiza com hospedagem atuando como pet sitters — cuidando de animais em troca de estadia gratuita. “É uma forma diferente de viajar. A gente ensina tudo isso nas redes”, explicam.

Como tudo começou

O desejo de rodar o mundo sempre existiu, mas o dinheiro era curto. Foi em 2019 que os dois decidiram mudar. “Passamos quatro anos nos organizando financeiramente. Fizemos um ‘parcelamento do sonho’, como quem compra um celular. Não somos de família rica, trabalhamos e economizamos cada centavo. Largamos tudo para fazer uma viagem sem data para voltar”, conta o casal.

O objetivo não é só turistar, mas viver a experiência por completo — incluindo os perrengues. “Queremos mostrar que é possível viajar barato e dividir tudo que aprendemos. Rotina, desafios, bastidores. Tudo mesmo.”

Perrengues e aprendizados

E perrengue é o que não faltou. Rafa já passou mal com intoxicação alimentar na Tailândia e passou o próprio aniversário no “trono”. Denis teve que fazer um cateterismo de urgência na Ásia após sentir dores ao subir um vulcão. Teve golpe no Egito, calor de 45 graus na Índia e até uma noite insana dormindo com toalhas molhadas por falta de ar-condicionado.

“Um senhor morreu no corredor do ônibus ao nosso lado, na Índia. Foi um baque. A gente vive situações que mexem muito com o emocional”, relatam.

Mesmo assim, a jornada tem valido a pena. Entre os destinos visitados estão França, Alemanha, Itália, Tailândia, Laos, Vietnã, Indonésia, Singapura, Malásia, Índia, Egito e Turquia. Os lugares preferidos? Capadócia e, curiosamente, o aeroporto de Singapura.

Choques culturais

Em cada país, novos costumes e surpresas. Eles viram espetinho de rato em feiras no Laos, cafés exóticos no Vietnã (com ovo, banana e até sal!) e cremações públicas às margens do rio Ganges, na Índia. “A forma como lidam com a morte é totalmente diferente da nossa. É chocante, mas enriquecedor.”

A higiene em muitos lugares também exigiu adaptação. “Não tem Anvisa em boa parte da Ásia. Muitos lavam louça nas calçadas, usam banheiros orientais (com o vaso no chão) e vendem carne em locais abertos. A gente aprende a se virar.”

Ainda assim, encontraram também gentileza, acolhimento e espiritualidade em muitos povos. “A fé das pessoas, mesmo diferente da nossa, é linda de ver. Isso abriu nossa cabeça.”

Vida de casal na estrada

Viver 24 horas por dia juntos não é tarefa fácil. No início, eles contam que brigavam por bobagens. Mas, com o tempo, o relacionamento se fortaleceu. “Estamos aprendendo a ser mais pacientes, ouvintes e resilientes. Hoje, estamos mais unidos do que nunca.”

O momento mais difícil foi quando Denis precisou passar por cirurgia e os dois estavam longe da família, sem falar o idioma local. “Ali, pensamos em desistir.”

Comer, rezar, amar — e errar o arroz

Entre uma aventura e outra, também teve mico. Tentaram fazer um jantar brasileiro no Laos para 10 pessoas e foi um desastre: a carne ficou dura e o arroz virou uma pasta grudenta. “Só o pão de alho e o vinagrete salvaram”, ri Rafa.

Na lista das comidas mais estranhas, estão larvas, sapo e pratos com gosto de “Pinho Sol” na Tailândia. Mas também tiveram boas surpresas: cafés vietnamitas, por exemplo, deixaram saudade.

Paris, Índia e pizza decepcionante

Sobre os destinos: Paris foi o mais caro. Índia e Vietnã, os mais baratos. A Malásia decepcionou por ser “cidade grande demais e sem muitas atrações”. Já a pizza italiana não agradou ao paladar de Denis. “Polêmico, eu sei”, brinca ele.

Os próximos passos da dupla devem ser na Europa — ainda sem roteiro definido. Mas há vontade de conhecer Japão, China e Coreia do Sul.

De volta pra casa?

Há oito meses longe de Goiânia, o casal sente falta da família — e da comida goiana. “A saudade da pamonha, do enroladinho de queijo, do espetinho, do torresmo, do pastel com saladinha… Quando voltarmos, vamos fazer a semana da engorda”, garantem.

Ao longo do caminho, mais do que fotos bonitas, o casal diz que tem colecionado aprendizados: “Descobrimos que viajar não é só sobre paisagens, mas sobre as pessoas que encontramos. É um processo profundo de autoconhecimento.”