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Catador de papel baleado em ação na qual Exército disparou 82 tiros é operado

O catador de papel Luciano Macedo, internado em estado grave no Hospital Carlos Chagas ,…

O catador de papel Luciano Macedo, internado em estado grave no Hospital Carlos Chagas , passa por uma cirurgia tórax desde o início da tarde desta quarta-feira, por causa de complicações no pulmão. O procedimento ainda não havia terminado até as 18h.

De acordo com a Secretaria estadual de Saúde, houve uma leve melhora do quadro nesta tarde e os médicos decidiram realizar a operação de urgência. Lúciano foi baleado ao tentar ajudar a família do músico Evaldo dos Santos Rosa, que teve o carro fuzilado por militares do Exército.

Luciano está internado em unidade de cuidados intensivos e, nesta terça-feira, a família assinou autorização para a realização de uma traqueostomia.   Os médicos informaram que o paciente apresenta febre recorrente, com grande risco de infecção generalizada. Em função disso, Luciano vem recebendo antibióticos mais potentes.

Na tarde de terça-feira, ao receber informações sobre o estado de saúde do filho, Aparecida Macedo passou os 40 minutos do tempo de visita acariciando a testa de Luciano, que tem o nome da mãe tatuado no braço esquerdo. Muito abalada, a idosa não falou com a imprensa.

A mulher de Luciano, que está grávida de cinco meses, foi acolhida por amigas de Aparecida e a ONG Rio de Paz tenta conseguir uma casa para a gestante.

Oficial deu o primeiro tiro

O tenente Ítalo da Silva Nunes Romualdo, único oficial entre os nove militares presos pelo fuzilamento do músico Evaldo, foi o primeiro dos agentes a abrir fogo contra o carro onde a vítima estava com sua família. A informação veio à tona nos depoimentos dos militares ao Exército, prestados na madrugada do último domingo, antes de os agentes serem presos em flagrante pelo Exército.

Os outros oito agentes que admitiram ter feito disparos disseram que só apertaram o gatilho depois que o agente de patente mais alta atirou. Os militares também alegaram ter ouvidos barulhos semelhantes a disparos antes de começarem a atirar.

Na última quarta-feira, os nove agentes que admitiram ter feito os disparos tiveram a prisão preventiva decretada pela juíza Mariana Queiroz Aquino Campos, da 1ª Auditoria Militar do Rio. Por decisão da magistrada, o soldado Leonardo Delfino Costa, único entre os militares a afirmar que não fez disparos, foi solto.

A perícia feita pela Polícia Civil no carro encontrou marcas de mais de 80 disparos no carro do músico. Não havia armas ou drogas no veículo.

Em seus depoimentos, todos os militares afirmaram que confundiram o carro do médico com um outro veículo cujos ocupantes haviam trocado tiros com os agentes na manhã do mesmo dia. Ainda segundo os relatos, o confronto aconteceu por volta das 11h da manhã e deixou marcas de tiros nos blindados usados pelo grupo.

Após a troca de tiros, o grupo foi almoçar e voltou ao mesmo local na parte da tarde. O crime aconteceu pouco depois das 15h.