TURISMO

Chaminés de fada: formação geológica rara vista em Goiás é a primeira registrada no Brasil

Local fica localizado na região nordeste de Goiás

Chaminés de fada: formação geológica rara vista em Goiás é a primeira registrada no Brasil (Foto: Pixabay)
Chaminés de fada: formação geológica rara vista em Goiás é a primeira registrada no Brasil (Foto: Pixabay)

Uma formação geológica rara, conhecida como “chaminés de fada”, foi encontrada pela primeira vez no Brasil, no município de Campos Belos, nordeste de Goiás. A descoberta foi feita por pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) em uma área particular de Domingos Ferreira da Silva, aos pés da Serra Geral de Goiás, próxima à divisa com Tocantins e Bahia. O local, apelidado por moradores de “Vale de Marte”, ainda não está aberto à visitação pública.

As “chaminés de fada” são colunas de rocha esculpidas pela ação da erosão diferencial — processo em que camadas de solo e pedra sofrem desgastes em ritmos distintos, formando estruturas verticais semelhantes a torres.

A geóloga Joana Paula Sánchez, coordenadora do Laboratório de Geologia e Áreas Turísticas da FCT-UFG, participou da primeira visita técnica à região. Ao Mais Goiás, ela contou como se deu a formação do local.

Segundo a geóloga, “Chaminés de fadas ou demoiselles [são] uma formação geomorfológica formada por erosão de diferentes tipos de rocha. Lá, no caso, a parte de baixo dela é um arenito mais fino e o topo são conglomerados de arenitos, mas que foram carregados por um rio que passava ali há muito tempo atrás. Aí esse rio carregava esses conglomerados redondos de tamanhos diversos, que dependia da energia que ele estava na época, e eles se depositaram embaixo, no leito do rio. Conforme os anos foram passando, essa parte de baixo do rio que já estava lá, embaixo desses conglomerados, começou a ser erodida, e essas tampinhas em cima ajudam a segurar a coluna”.

“Eles [Secretaria Municipal de Turismo] entraram em contato comigo e pediram para eu fazer uma avaliação, porque o dono da terra, seu Domingos, achava o lugar muito interessante, mas não tinha ideia do que que fosse aquilo. Quando eu cheguei no local realmente é um patrimônio geológico excepcional, que é muito raro. Uma área tão grande, com demoiselles tão grandes. […] A gente desconhecia uma área tão bonita no Brasil”, explicou.

Chaminés de fada (Foto: Lucas Nino/Folhapress)

A visita ao local ocorreu em maio de 2023 e contou com quatro professores da UFG, um fotógrafo da National Geographic, representantes da Secretaria Municipal de Turismo e os proprietários da área. Segundo Joana, as formações maiores chegam a cerca de 2,8 metros de altura.

“Essa formação ela é comum pequena, bem pequena, assim coisa de centímetros, ela é super comum, a gente acha até na beira da estrada. O negócio lá que é diferente mesmo são os tamanhos e a quantidade”, explicou.

Chaminés de fada (Foto: Lucas Nino/Folhapress)

A geóloga afirmou ainda que a área já foi avaliada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e que há um processo em andamento para transformar o local em uma unidade de conservação. A medida deve garantir a preservação das formações e permitir, futuramente, a visitação controlada.

Chaminés de fada (Foto: Lucas Nino/Folhapress)

Segundo Joana, formações desse tipo em grandes proporções são raras no mundo, sendo encontradas em locais como o deserto do Arizona (EUA), a Capadócia (Turquia) e regiões áridas da Argentina. “Aqui no Brasil, numa área tão grande, é o que é excepcional”, destacou.

Alcivan e Domingos Ferreira da Silva – dono da propriedade (Foto: Joana Paula Sánchez)

Turismo na região

Para o turismólogo Luciano Guimarães Soares, da Goiás Turismo, o achado representa um enorme potencial para o desenvolvimento turístico da região, embora ainda seja necessário um processo de estruturação.

“Do jeito que está hoje, é apenas um recurso natural. Para se tornar um produto turístico, é preciso investir em acessibilidade, sinalização, hospedagem, alimentação e guias capacitados. Só com essa estrutura é que o atrativo pode ser comercializado e colocado ‘na prateleira’, para que um turista de São Paulo ou Brasília, por exemplo, consiga visitar o local com segurança”, explicou.

Luciano também ressaltou que o município de Campos Belos ainda não integra o Mapa do Turismo Brasileiro, e que o próximo passo deve ser a organização da governança local. “É importante que a cidade crie um conselho municipal de turismo, nomeie um dirigente e comece a estruturar políticas públicas voltadas à atividade. Com toda essa visibilidade, o destino tem potencial para se destacar até em nível internacional”, afirmou.