Cirurgias de fimose em adolescentes crescem mais de 80% no SUS
Internações por fimose na faixa de 10 a 19 anos saltaram de 10.677, em 2015, para 19.387, em 2024
Levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) revela que cirurgias de fimose em adolescentes cresceram mais de 80% no Sistema Único de Saúde (SUS). O dado é um indicativo de que está acontecendo cada mais vez o diagnóstico tardio, que faz com que o único caminho sejam as cirurgias (mais dolorosas, mais difíceis de recuperar e que expõem os pacientes ao risco maior de complicações).
O Ministério da Saúde define Fimose como o excesso de pele que recobre o pênis, dificultando que a glande (cabeça do pênis) seja exposta. Esta condição é comum nos bebês meninos e tende a desaparecer com o passar do tempo. Mas, se na adolescência o problema persistir, pode ser necessária uma intervenção cirúrgica simples para remoção da pele.
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Em homens adultos, a fimose pode provocar, além do câncer de pênis, problemas no desempenho sexual. Nas crianças, é comum causar dor e inflamação. A cirurgia é fornecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas o tratamento adequado é feito caso a caso, conforme orientação médica.
A investigação da Sociedade Brasileira de Urologia foi feita com dados do Sistema de Informações Hospitalares do SUS. Ela mostra que as internações por fimose, parafimose e prepúcio redundante na faixa de 10 a 19 anos saltaram de 10.677, em 2015, para 19.387, em 2024.
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Isso pode ser explicado por múltiplas causas: falhas no diagnóstico precoce, dificuldade de acesso aos serviços de saúde e um afastamento típico dos meninos do consultório médico depois que deixam o pediatra, especialmente nos primeiros anos da puberdade. A pandemia de Covid-19 também contribuiu: cirurgias eletivas foram adiadas e parte das consultas deixou de acontecer, empurrando a resolução do problema para mais tarde.
O problema que essa condição médica causa vai além do desconforto físico. A fimose não diagnosticada e tratada agrava o risco de infecção urinária, de contração de doenças sexualmente transmissíveis e de desenvolvimento de câncer.
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“Na adolescência, o pênis é maior, a pele já tem mais fibrose e pode sangrar mais. O menino tem mais ereções devido à testosterona, e a recuperação tende a ser mais desconfortável e demorada”, adverte Zylbersztejn, que é diretor do departamento de Urologia do Adolescente da SBU. “Pela masturbação e pela iniciação sexual, muitos acabam precisando do procedimento nessa fase.”