Conheça a pílula que pode proporcionar tanta perda de peso quanto a injeção, segundo estudo
Quem aderiu ao tratamento perdeu em média 16,6% do peso corporal em 64 semanas
Pesquisadores apresentaram resultados promissores sobre uma nova alternativa no tratamento da obesidade: a pílula que pode proporcionar tanta perda de peso quanto a injeção, segundo um estudo da farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk. A empresa afirma que pacientes tomando a versão oral do Wegovy perderam, em média, 16,6% do peso corporal ao longo de 64 semanas — número próximo ao obtido com a versão injetável do medicamento.
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Resultados do estudo
O ensaio clínico envolveu 307 adultos obesos ou com sobrepeso. Aqueles que aderiram ao tratamento com a pílula tiveram redução significativa de peso, enquanto o grupo placebo perdeu apenas 2,7%. Mesmo os participantes que não seguiram corretamente as orientações de uso conseguiram resultados expressivos: em média, 13,6% de perda de peso, contra 2,2% no grupo de controle.
A farmacêutica destacou ainda que quase um terço dos participantes perdeu 20% ou mais de peso corporal, mesmo sem tomar o medicamento exatamente como indicado. Além disso, os pacientes relataram maior disposição para atividades físicas e melhora no risco cardiovascular.
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Comparação com as injeções
A Novo Nordisk afirma que os resultados são comparáveis aos do Wegovy injetável, atualmente um dos medicamentos mais procurados no mercado de obesidade. Essa constatação gera otimismo sobre a expansão das opções de pílulas para perda de peso, já que estudos anteriores sugeriam que comprimidos não seriam tão eficazes quanto os tratamentos injetáveis.
A notícia impactou diretamente o mercado financeiro: as ações da Novo Nordisk subiram 6,3% após o anúncio.

Disputa bilionária
A corrida entre as gigantes farmacêuticas Novo Nordisk e Eli Lilly é acirrada. Ambas dominam o mercado de medicamentos para obesidade e disputam a aprovação de suas versões orais. A Novo Nordisk já solicitou autorização para a pílula à FDA (Food and Drug Administration, agência reguladora dos Estados Unidos) e aguarda resposta até o fim do ano.
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Por outro lado, a Eli Lilly corre para lançar seu próprio comprimido, o orforglipron, ainda em fase de testes. Resultados iniciais com 1.698 adultos com diabetes tipo 2 mostraram que o medicamento pode reduzir peso e níveis de açúcar no sangue de forma até mais eficaz que a semaglutida oral — princípio ativo do Wegovy.
Desafios de adesão
Especialistas apontam, entretanto, que a forma de uso pode influenciar na adesão. A semaglutida oral precisa ser tomada com o estômago vazio e exige que o paciente espere 30 minutos antes de comer ou beber, o que pode ser um desafio na rotina. Já o orforglipron, da Eli Lilly, não apresenta essas restrições.
Angela Fitch, diretora médica da Knownwell e ex-presidente da Associação de Medicina da Obesidade, avalia que essa praticidade pode tornar o orforglipron a opção preferida do público: “Provavelmente será nosso primeiro medicamento de commodity para a doença mais prevalente de nossa vida”.
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Efeitos colaterais
Assim como os injetáveis, as pílulas para perda de peso também apresentam efeitos adversos. A Novo Nordisk relatou que quase metade dos participantes teve náuseas e cerca de um terço apresentou vômitos. Apesar disso, classificou os sintomas como leves a moderados e temporários. Aproximadamente 7% dos pacientes desistiram do estudo por causa dos efeitos colaterais, contra 6% no grupo placebo.
Na Eli Lilly, cerca de 10% dos participantes que receberam a dose mais alta de orforglipron abandonaram o ensaio, frente a 2,6% dos que tomaram placebo.
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Potencial de mercado
Mesmo diante dos efeitos adversos, especialistas afirmam que a demanda será enorme. O analista David Risinger, da Leerink Partners, prevê que o orforglipron, se aprovado, pode gerar US$ 14 bilhões (cerca de R$ 74 bilhões) em vendas anuais até 2030, consolidando-se como um “mega-blockbuster”.
Enquanto aguardam as decisões da FDA, tanto a Novo Nordisk quanto a Eli Lilly já estão preparando a produção em larga escala de suas versões em comprimido, após não conseguirem atender à explosão de procura pelas injeções.
“Pendente a aprovação da FDA, amplo suprimento estará disponível para atender à demanda esperada nos EUA”, disse Martin Holst Lange, diretor científico da Novo Nordisk, em comunicado.