Corpo do homem morto por leoa em zoológico de João Pessoa é sepultado; animal não será sacrificado
Gerson de Melo foi abandonado pela família e tinha o sonho de domar felinos
O corpo do homem morto por uma leoa no zoológico de João Pessoa foi sepultado na tarde desta segunda-feira (1º), no Cemitério do Cristo. A cerimônia marcou o desfecho de um caso que ganhou enorme repercussão nacional, enquanto a prefeitura confirmou que o animal não será sacrificado, seguindo protocolos de bem-estar e manejo de fauna. Gerson de Melo Machado, de 19 anos, morreu no domingo (30) após invadir o recinto da leoa no Parque Arruda Câmara, a Bica. O velório reuniu familiares e integrantes da assistência social que acompanharam o jovem nos últimos anos.
Vídeos registrados por visitantes mostram o momento em que Gerson sobe pela estrutura lateral da jaula, usa uma árvore como apoio e entra no recinto, onde é atacado pela leoa. Segundo a prefeitura, o jovem escalou uma parede de mais de seis metros, ultrapassou grades de proteção e acessou a área restrita. A administração reforçou que o espaço segue normas técnicas de segurança.
A Polícia Militar e o Instituto de Polícia Científica da Paraíba (IPC) foram acionados, e o parque foi fechado logo após o ataque. O local segue sem previsão de reabertura.

Histórico de vulnerabilidade
Gerson, conhecido como Vaqueirinho, tinha transtornos mentais e uma trajetória marcada por abandono familiar e sucessivas tentativas do Conselho Tutelar de conseguir tratamento adequado. A conselheira Verônica Oliveira relatou que acompanhou o jovem por oito anos e que ele foi várias vezes identificado em situações de risco — inclusive ao tentar entrar no trem de pouso de um avião.
Segundo ela, o jovem era inimputável por esquizofrenia, e decisões judiciais determinaram sua internação em instituição de longa permanência. Ainda assim, ele teria sido tratado apenas como alguém com “problemas comportamentais”, sem atendimento clínico especializado.
Conselheira do jovem que morreu ao invadir jaula de leoa afirmou que todos os seus pedidos para que ele recebesse laudos comprovando seu transtorno mental foram negados pelo Estado. pic.twitter.com/6L9NiLFhDc
— POPTime (@siteptbr) December 1, 2025
Leoa será preservada
A leoa Leona, que atacou o jovem, nasceu na Bica e tem 19 anos. O parque informou que ela não será sacrificada e segue em observação devido ao alto nível de estresse após o incidente. O veterinário Thiago Nery explicou que o animal foi contido por meio de treinamentos de manejo, sem uso de armas ou tranquilizantes. “Obedeceu e voltou para o recinto, mas estava muito estressada e em choque”, disse.
A administração afirmou que a possibilidade de eutanásia jamais foi cogitada e que Leona não apresenta comportamento agressivo fora do contexto do ocorrido. A equipe técnica agora monitora o animal 24 horas por dia.

Investigações
A Secretaria de Meio Ambiente e o Conselho Regional de Medicina Veterinária da Paraíba (CRMV-PB) abriram investigações para avaliar a estrutura e os protocolos de segurança do zoológico. A comissão vai analisar as condições do parque, revisar procedimentos e verificar eventuais falhas.
O Parque da Bica ressaltou que o recinto da leoa tem mais de 8 metros de altura, grades reforçadas e barreiras técnicas previstas. Segundo o parque, trata-se de um incidente “imprevisível” e fora de qualquer cenário dentro da rotina do local.
A Bica permanecerá fechada até a conclusão das investigações e dos procedimentos oficiais.
⚠️BRASIL: Um jovem de 19 anos, identificado como "Vaqueirinho", morreu após entrar na jaula de uma leoa no zoológico de João Pessoa, na Paraíba.
— BAÚ DO RIO OFC (@baudorio) November 30, 2025
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