‘Corrigir a rota’, diz Haddad após recuo no IOF
“Não temos nenhum problema de corrigir rota, desde que o rumo traçado pelo governo seja mantido, de reforçar o arcabouço fiscal"

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse não ver problema em “corrigir rota”, após apontar para um recuo em determinados pontos do decreto que prevê um aumento no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). “Não temos nenhum problema de corrigir rota, desde que o rumo traçado pelo governo seja mantido, de reforçar o arcabouço fiscal”, disse na manhã desta sexta-feira (23), durante entrevista em São Paulo.
“Vamos ficar abertos ao diálogo sem nenhum tipo de problema e contamos com a colaboração dos nossos parceiros tradicionais”, completou. Segundo ele, o governo Lula (PT) segue empenhado no cumprimento da meta fiscal. Vale explicar que o IOF é tributo que incide sobre operações de crédito, câmbio e seguro. Inicialmente, o governo pretendia arrecadar R$ 20,5 bilhões em 2025, com o aumento das alíquotas, e R$ 41 bilhões em 2026 (R$ 61,5 bilhões em dois anos).
Haddad ainda disse que conversou com o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, e o da Receita, Robinson Barreirinhas, na noite de quinta-feira (22). A reunião culminou nas mudanças do decreto. Ele ressaltou, inclusive, que tiveram sugestões do mercado financeiro. “Mais para o fim da noite, nós entendemos que a revisão era justa e correta.”
Ele afirma que o conjunto de medidas gira em torno de R$ 50 bilhões para fechar o ano com tranquilidade. “É uma medida dura, mas na direção correta. Esse item [IOF] é muito residual desse conjunto de medidas, e nós entendemos que valia a pena fazer uma revisão desse item, para evitar especulações sobre o intuito da Fazenda.”
Na quinta-feira, o mercado reagiu de forma negativa ao decreto sobre o IOF. Na ocasião, o Ibovespa caiu 0,44% e o dólar registrou alta de 0,32%, encerrando o dia em R$ 5,66. Com a repercussão, o governo recuou e decidiu revogar parte das mudanças.
Para Haddad, não houve exagero da reação, por isso decidiu rever as medidas na noite de quinta, antes da abertura do mercado, para “evitar algum tipo de boataria ou de especulação”. “Houve uma reação, informando corretamente as explicações que ensejaram a revisão. Se não tivesse a questão técnica, a gente não teria revisto. Havia uma questão técnica a se discutir.”