PRÓXIMO MINISTRO?

Cotado para vaga de Mandetta, Teich defende “isolamento inteligente”

Médico é a favor do uso da tecnologia de rastreamento, com suporte das operadoras de telefone celular

O médico Nelson Teich, cotado para substituir Luiz Henrique Mandetta no Ministério da Saúde, é contra a maneira com o ministro conduziu as políticas públicas de controle da pandemia no Brasil. Teich acredita que a quarentena não pode ser a mesma para todo o País. Em vez disso, deve respeitar particularidades de cada região (lembrando que tomar decisões sobre este assunto é competência de estados e municípios, não do governo federal). 

Diferente de de Mandetta, Teich se diz a favor de “um isolamento estratégico ou inteligente” da população. “Usando um conceito que hoje permeia a saúde, ele deveria ser personalizado. Um modelo semelhante ao da Coreia do Sul. Essa estratégia demanda um conhecimento maior da extensão da doença na população e uma capacidade de rastrear pessoas infectadas e seus contatos. Estamos falando aqui do uso de testes em massa para Covid-19 e de estratégias de rastreamento e monitorização, algo que poderia ser rapidamente feito com o auxilio das operadoras de telefonia celular”, diz o médico.

Teich ressalta, no entanto, que esse monitoramento social via celulares “provavelmente teria uma grande resistência da sociedade e demandaria definição e aceitação de regras claras de proteção de dados pessoais”. O divergência entre a quarentena de larga escala e um modelo mais afrouxado foi o principal ponto de dissenso entre Mandetta e o presidente Bolsonaro. 

Economia

Nelson Teich afirma que enxerga com preocupação o que chama de “polarização entre economia e saúde” no debate sobre como controlar o Covid-19. Bolsonaro insiste na abertura do comércio, enquanto Mandetta é contra neste momento. 

“Esse tipo de problema é desastroso porque trata estratégias complementares e sinérgicas como se fossem antagônicas. A situação foi conduzida de uma forma inadequada, como se tivéssemos que fazer escolhas entre pessoas e dinheiro, entre pacientes e empresas, entre o bem e o mal”, diz.

Para Teich, “qualquer escolha e ação, seja ela da saúde, econômica ou social, tem que ter na mortalidade o seu desfecho final, por mais difícil que seja chegar a esses números”.