RIO DE JANEIRO

Covid-19: ‘Foi o melhor dia da minha vida’, diz menino que voltou à escola

Depois de passar seis meses sem frequentar a escola por causa da pandemia, o menino…

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Depois de passar seis meses sem frequentar a escola por causa da pandemia, o menino Lucas, de 7 anos, não escondia a ansiedade para voltar ao Instituto Miraflores, onde estuda. Na última quarta-feira, pediu que a mãe, a cardiologista Daniela Tubino Morand, o levasse para cortar o cabelo — queria estar bonito para reencontrar os amigos. Na quinta, dia em que as atividades presenciais foram retomadas pela instituição, pulou cedo da cama. À noite, não teve dúvidas ao descrever o retorno: “foi o melhor dia da minha vida”, garantiu. O colégio dele, em Laranjeiras, foi um dos poucos no Rio que reabriram, contrariando uma decisão do Tribunal de Justiça, que impede o funcionamento da rede privada de ensino na capital.

A escola decidiu seguir uma decisão do Tribunal Regional do Trabalho, que permitiu a volta às aulas da rede privada, aumentando a confusão jurídica que tem deixado pais, escolas e professores sem saber o que fazer.

Mãe de Lucas, Daniela diz que ficou preocupada que uma nova reviravolta fizesse o Miraflores recuar na decisão de abrir as portas.

—A gente fica preocupada em decepcionar a criança por conta desse vai-e-vem, mas ele disse que queria ir nem que fosse por um dia, para matar a saudade — conta.

Eleva também reabre

O desembargador Peterson Barroso Simão, do Tribunal de Justiça (TJ-RJ), determinou, na última segunda-feira, que a rede particular continuasse fechada. O magistrado considerou que o retorno das escolas privadas antes da rede pública fere o princípio da isonomia.

Como o TRT teve decisão conflitante, o governo do Estado bateu o martelo e afirmou que o retorno não vale mais para escolas da capital e que ele depende de,“decisão da Corte Superior ou julgamento de mérito pela Terceira Câmara Cível do TJ-RJ”, ambos ainda sem data. Na quinta-feira, uma nova decisão, desta vez do presidente do Tribunal de Justiça do Rio, desembargador Claudio de Mello Tavares, também manteve suspensas as aulas presenciais nas escolas privadas da cidade.

Mesmo diante do imbróglio, que parece longe de terminar, a Escola Eleva, com unidades em Botafogo e na Barra da Tijuca, retomou as aulas do Ensino Fundamental e do Médio. Ela está funcionando em esquema de rodízio desde quinta-feira, com presença opcional dos estudantes. De acordo com a instituição, a reabertura tomou como base o decreto do governo do estado que permitia o funcionamento a partir do dia 14. Embora ele tenha sido suspenso, a Eleva diz em nota que “do ponto de vista jurídico, a decisão foi amparada por orientação do professor Claudio Pereira de Souza Neto, constitucionalista e professor da UFF, que entendeu que o cenário atual autoriza o retorno presencial dos segmentos Ensino Fundamental e Ensino Médio”.

Mãe de dois alunos da Eleva, a professora da Fundação Getúlio Vargas Alketa Peci diz que a escola está preparada para receber os estudantes. Por enquanto, só Sofia, de 12 anos, voltou às atividades. Ricardo, de 10, ainda está apenas com aula on-line.

— Minha percepção é que somos o único país do mundo onde o risco do retorno das crianças cabe aos pais e à escola. Estamos às escuras, sem nenhuma política coletiva — avalia: — Observei o maior cuidado da escola com os protocolos de saúde, e sinto que eles fizeram tudo que puderam. Conversei com as crianças que a escola que eles vão encontrar é uma outra escola, e não a que eles estavam acostumados, pedi que observassem os detalhes. Minha filha disse que gostou do primeiro dia, mas que sente falta da turma cheia.

O Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro e Região vai entrar com um ação para notificar a Justiça sobre as escolas que decidiram abrir as portas.

— Vamos informar ao desembargador sobre escolas que estão descumprindo a determinação que ele deu, e pedir sanções — afirmou o presidente da entidade, Oswaldo Teles.