Crítica: ‘Anora’ (2024) de Sean Baker
Filme foi dirigido por Sean Baker

Com frequência – ultimamente – tenho tido dificuldades em entender tamanha aprovação de grande parte da crítica por alguns filmes. Ao menos para colocá-los em lista dos melhores, ou indicá-los em premiações. “Anora” é um desses exemplos de um filme divertidinho, mas que não passa disso. Pelo contrário, é uma comédia adolescente com dois adolescentes bestas, inocentes e desprovidos de maturidade.
A trama acompanha uma garota de programa chamada Anora, ou Ani, que no clube onde trabalha é desginada para atender um jovem riquinho mimado que fica totalmente fascinado por ela. Após chamá-la para um serviço em sua casa, ele a contrata por uma semana inteira, viaja para Las Vegas e lá insiste em se casar com a moça. Ela aceita, claro. Mas depois que a família milionária da “criança” descobre, toda uma situação se desenrola para que ambos desfaçam o casamento.
Para uma pessoa que está tão envolvida em trabalhar proporcionando prazer para as pessoas, Anora se mostra uma menina um tanto quanto inocente demais em achar que se casando com um pirralho rico e mimado, nitidamente sem nenhum tipo de controle sobre sua vida ou atração que justifique tão aposta, as coisas iriam dar certo com a família do rapaz. E o filme não constrói inicialmente nenhuma intenção financeira da protagonista para querer se casar com o sujeito, mas parece que ela realmente acreditou ser tudo amor. Se fosse algum tipo malandro sedutor eu até acreditaria que Anora caiu na conversa, mas como temos aqui um menino besta, sem pulso e nitidamente sem poder financeiro próprio, portanto, me desculpe, mas a escolha da protagonista não me convence.
Mas tudo bem, após a descoberta do casamento pela família o filme não foge muito do óbvio e em nenhum momento entrega algum tipo de acontecimento interessante. É uma sucessão de confusões com os capangas da família poderosa, e quando os pais do rapaz surgem em cena nada de surpreendente também acontece.
“Anora” diverte como um passatempo corriqueiro e Mikey Madison é um deleite como a protagonista. Mas quando se imagina um filme cotado para Oscar, indicado a vários prêmios, se espera algo além do padrão. Mas ao menos para mim, “Anora” é uma comédia regular sem grandes surpresas. Entendo que o diretor Sean Baker é um querido repleto de filmes autorais e carregados de coração, mas não consegui enxergar este recheio todo em “Anora”. É bom, mas nada demais.
Anora/EUA – 2024
Dirigido por: Sean Baker
Com: Mikey Madison, Mark Eidelstein, Yuriy Borisov…