ALTA

Inflação é a maior para outubro desde 2002 e vai a 10,67% em 12 meses

Puxada pela gasolina, a inflação oficial do país, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), acelerou…

Brasil deve estar no topo na lista de países com maior inflação de 2021, diz OCDE
Inflação é a maior para outubro desde 2002 e vai a 10,67% em 12 meses (Foto: Reprodução - Agência Brasil)

Puxada pela gasolina, a inflação oficial do país, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), acelerou para 1,25% em outubro. É a maior taxa para o mês desde 2002, informou nesta quarta-feira (10) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O resultado veio acima das expectativas do mercado. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam variação de 1,06%. Em setembro, a alta do IPCA havia sido de 1,16%.

Com o resultado de outubro, a inflação alcançou 10,67% no acumulado de 12 meses. Ou seja, permanece em dois dígitos —até setembro, a alta era de 10,25%.

O IPCA está distante do teto da meta de inflação perseguida pelo BC (Banco Central) em 12 meses. O teto é de 5,25% em 2021. O centro é de 3,75%.

Em outubro, todos os nove grupos de produtos e serviços pesquisados subiram, com destaque para os transportes (2,62%) influenciados pelos combustíveis (3,21%).

A gasolina avançou 3,10% e teve o maior impacto individual no índice do mês (0,19 ponto percentual). Foi a sexta alta consecutiva nos preços desse combustível, que acumula 38,29% de variação no ano e 42,72% nos últimos 12 meses.

A escalada inflacionária ganhou corpo ao longo da pandemia. Em um primeiro momento, houve disparada de preços de alimentos e, em seguida, de combustíveis.

Alta do dólar, estoques menores e avanço das commodities ajudam a explicar o comportamento dos preços.

Ao longo de 2021, a crise hídrica também passou a ameaçar o controle da inflação. A escassez de chuva forçou o acionamento de usinas térmicas, elevando os custos da geração de energia elétrica. O reflexo é a luz mais cara nos lares brasileiros.

Há, ainda, o efeito da crise política protagonizada pelo governo Jair Bolsonaro (sem partido), já que a turbulência joga o dólar para cima.

A tensão no mercado financeiro teve novo capítulo no final de outubro, quando o governo resolveu driblar o teto de gastos para pagar o Auxílio Brasil.

Em uma tentativa de frear a inflação, o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) vem subindo a taxa básica de juros, a Selic.

Os preços em patamar alto, em um ambiente de juros maiores, desemprego acentuado e renda fragilizada, dificultam o consumo das famílias e os investimentos das empresas.

O mercado financeiro vem elevando suas projeções para o IPCA. A mediana para o acumulado em 2021 é de 9,33%, conforme a edição mais recente do boletim Focus, divulgada na segunda-feira (8) pelo BC.

Foi a 31ª semana de alta nas previsões. Economistas não descartam novas revisões para cima.

IPCA no acumulado de 12 meses
Variação em %

jan.21 4,56
fev.21 5,2
mar.21 6,1
abr.21 6,76
mai.21 8,06
jun.21 8,35
jul.21 8,99
ago.21 9,68
set.21 10,25
out.21 10,67

Fonte: IBGE

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