Covid-19

‘Ter anticorpos não é o mesmo que estar imune ao vírus’, diz especialista em coronavírus

O coronavírus pode permanecer no organismo de pessoas consideradas recuperadas da Covid-19 por um tempo ainda desconhecido. A afirmação é de…

Brasil registra 32 mil casos e 1.2 mil óbitos por coronavírus nesta quarta

O coronavírus pode permanecer no organismo de pessoas consideradas recuperadas da Covid-19 por um tempo ainda desconhecido. A afirmação é de um dos raros especialistas em coronavírus do Brasil, Eurico Arruda, professor titular de virologia da Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto.

O cientista já estudava essa família de vírus muito antes de o Sars-Cov-2 emergir na China espalhar doença e morte pelo mundo. Ele adverte que apenas ter anticorpos não significa que uma pessoa esteja imune à Covid-19. Arruda coordena o Laboratório de Patogênese Viral e diz que a carteira de vacinação, provavelmente com uma vacina com vírus inativado, será o passaporte de imunidade possível contra o Sars-CoV-2.

Muitos países e empresas planejam testar os funcionários para saber se têm anticorpos e estariam imunes ao novo coronavírus, mas a OMS alertou que não existe um “passaporte de imunidade”. 

A ideia de passaporte de imunidade com base em testes de anticorpos não só é descabida por não ter base científica, quanto é perigosa. Os testes dizem apenas que uma pessoa tem anticorpos. Mas ter anticorpos não é o mesmo que possuir defesas e estar imune. A resposta imune é complexa, e envolve outros componentes além de anticorpos. O ‘passaporte’ colocará pessoas infectadas nas ruas para passar o vírus livremente.

Por quê?

O anticorpo é uma cicatriz sorológica, não é um atestado de imunidade. Ele é uma marca da exposição ao vírus presente no soro sanguíneo.

A presença de anticorpos diz que uma pessoa foi exposta ao vírus e produziu uma resposta a isso. Mas isso não significa que ficou imune, pois a resposta pode não ser forte ou duradoura o suficiente, e tampouco que ela deixou de ser portadora do vírus. Claro, algumas pessoas com anticorpos de fato terão desenvolvido defesas, anticorpos capazes de bloquear a infecção, mas os testes sorológicos disponíveis em larga escala não são capazes de informar isso.

O teste para detectar a presença de anticorpos neutralizantes, que não é um teste rápido, seria um indicador mais acurado de imunidade.