Engenheira lidera ONG que dá reforço escolar para 40 crianças do Dona Iris I, em Trindade
Aulas de reforço começaram em 2021, com seis alunos, e hoje atendem 40 crianças e adolescentes. ONG tem 16 voluntários
A engenheira Hélica Gomes Noleto, de 31 anos, lidera um projeto que está transformando a vida de crianças e adolescentes de uma invasão chamada Dona Iris I, em Trindade. Desde abril de 2021, Hélica dá aulas de reforço escolar grátis para os meninos e meninas que vivem na comunidade. Eram seis na primeira aula, hoje são 40 e o número vai subir para 45 em 2026. Da luta da engenheira nasceu uma ONG (@_ensinandocomamor_), da qual fazem parte 16 voluntários (entre zootecnistas, agrônomos, engenheiros civis, advogados, biólogos, estudantes e empresários), todos na faixa entre os 25 e 40 anos.
Hélica pisou na comunidade pela primeira vez em dezembro de 2020, para entregar cestas básicas às famílias em situação de vulnerabilidade. Em março de 2021, ela vez uma segunda visita e, além das cestas, entregou também material escolar. Mães compartilharam com ela o fato de que as crianças estavam com déficit de aprendizado, em razão da pandemia, e surgiu então a ideia das aulas de reforço. A primeira aula, sob a sombra de uma árvore, aconteceu no dia 17 de abril. E desde então acontecem todo sábado, a partir das 9h.
Moram no Dona Iris I um total de 52 famílias. Metade delas têm crianças que participam das aulas. No começo, Hélica notava que os meninos e meninas apresentavam um problema crônico de mau comportamento e de desobediência. “Quando chegamos lá, encontramos crianças muito agressivas, explosivas e sem paciência, o que talvez fosse reflexo do que tinham em casa. Eu disse que não aceitaria atitudes como aquelas, e com o tempo elas se moldaram. A mudança foi enorme”.
As aulas são temáticas e o mais lúdicas possíveis, com temas democraticamente escolhidos. Eles já estudaram, por exemplo, o ciclo da água, os cinco sentidos e o fogo. A partir de cada tema, Hélica aborda interpretação de texto, alfabetização básica, fundamentos de matemática e de ciências. A criança mais nova tem quatro anos e a adolescente mais velha, 21. Todos são divididos em quatro turmas, conforme a idade e o grau de aprendizado, e são acompanhados pelos voluntários.
Hélica é exigente com pontualidade, assiduidade, comportamento e participação. O mínimo que as crianças precisam fazer é ir à escola e mostrar para ela o boletim a cada fim de bimestre. Sem isso, não podem participar do reforço. E a pontuação que elas ganham indo aos encontros de sábado e interagindo com os monitores lhes dá o direito de ganhar presentes e participar de viagens, como a que acontecerá nesse sábado (13). O destino da vez é Pirenópolis.
“Aluguei uma van que levará 25 dos 40 alunos. Só não estarão presentes os muito pequenos e aqueles que, por algum motivo, não pontuaram bem. Ficaremos em uma hospedagem que tem piscina, cama elástica e cachoeira perto. Passareamos pela cidade no sábado e eles aproveitarão o hotel até domingo à tarde”, diz Hélica.
A engenheira está grávida e dara à luz em março. O sexo do bebê ela ainda não sabe, mas uma coisa ela tem certeza: não se afastará do projeto em razão das obrigações que a maternidade vai impor. As aulas continuarão a acontecer no espaço cedido por um dono de chácara ao lado da invasão, com cinco alunos a mais do que ela abrigou nesse ano. Porque a missão é algo que ela leva muito à sério.
Hélica aceita doações pelo pix, cuja chave é o CNPJ do projeto: 44.388.711.0001.50 (banco Cora). Quem quiser ajudar de outra maneira pode acessar o instagram da ONG pelo perfil @ensinandocomamor ou chamá-la pelo telefone (62) 99946-4418.