Esposa de Ramagem diz que teve celular apreendido ao embarcar para os EUA
PF não quis se manifestar e STF respondeu que não tem informações sobre o assunto
A esposa do deputado federal foragido Alexandre Ramagem (PL-RJ) afirmou, em vídeo publicado nas redes sociais, que sofreu um mandado de busca expedido pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), quando embarcava para os Estados Unidos.
- Foragido, Ramagem diz estar seguro nos EUA com aval do governo Trump
Rebeca disse que teve celular, computadores e outros itens apreendidos. Em relato feito em vídeo publicado ontem nas redes sociais, ela contou também que o celular de uma de suas filhas, de 7 anos, também foi levado pelas autoridades. Disse, ainda, que teve todas as malas retiradas do voo e revistadas durante o procedimento.
Esposa de Ramagem disse que o mandado foi cumprido enquanto ela entrava no avião, no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. O caso aconteceu, segundo ela, no último dia 17. Rebeca se disse “surpreendida” pela ordem judicial. Procurada, a Polícia Federal não quis se manifestar. O STF respondeu que não tem informações sobre o assunto.
- Advogado de Ramagem diz que ele deixou o País sem avisá-lo
Rebeca afirmou que a abordagem causou “pânico” nas duas filhas do casal, uma de 7 e outra de 14 anos. “O constrangimento, o medo e a covardia que vivenciamos não podem ser descritos”, escreveu.
Rebeca disse não ser investigada e que único “fato ilegal” apontado para abordagem foi ser esposa de Ramagem. Condenado pelo STF por participação na trama golpista, o deputado federal é considerado foragido e está nos Estados Unidos desde setembro.
Rebeca chamou a ação de “ilegalidade” e acusou o STF de cometer “abusos”. Ela é procuradora do Estado de Roraima desde 2015 e não tirou licença do cargo. No último dia 23, ela anunciou que se mudou para os Estados Unidos para acompanhar o marido.
Rebeca está de férias desde o dia 17 de novembro. Em um post nas redes sociais, ela disse que foi para os EUA com o objetivo de proteger a família. “Mantemos a esperança de um dia voltar a um Brasil onde a escolha político-ideológica não seja tratada como crime”, escreveu.
Procuradora recebe salário bruto de R$ 46 mil por mês. Ela está lotada na Coordenadoria da PGE-RR (Procuradoria Geral do Estado de Roraima) em Brasília, responsável pela representação judicial do estado nos tribunais superiores, desde agosto de 2020.
Período de férias dela termina na sexta-feira. Em nota, a PGE-RR disse que, até o dia 14 de novembro, ela “atuou regularmente nos processos em que o estado de Roraima figura como parte nas cortes superiores, desempenhando suas funções de forma contínua e dentro das atribuições legais do cargo”.
A investigação da PF aponta que deputado teria deixado o país por Boa Vista, capital de Roraima. Segundo a colunista do UOL Carla Araújo, a PF apurou também que ele teria seguido para os Estados Unidos pela Venezuela ou pela Guiana.
Condenado a 16 anos e 1 mês de prisão em regime fechado, Ramagem deixou o país clandestinamente, segundo os investigadores. No acórdão que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Ramagem e outros aliados do ex-presidente, Moraes deixou claro que havia ordem impedindo os réus de deixarem o país e também para todos entregarem seus passaportes.
*Via Folha de São Paulo