PROVAS?

Fotos de ostentação podem ser usadas para rever valor da pensão? Veja resposta

Advogado explica que publicações funcionam como fonte direta de comprovação

Pessoa segurando o celular
Capturas de tela podem ser consideradas provas em ações de pensão alimentícia (Foto: Ilustrativa/Freepik)

Publicações em redes sociais têm ganhado cada vez mais espaço como elemento probatório em ações de revisão de pensão alimentícia. Decisões recentes do Judiciário brasileiro passaram a admitir com mais frequência o uso de prints de fotos, stories, conversas e registros de viagens para apontar incompatibilidades entre a renda declarada pelo alimentante e o padrão de vida exibido online.

Ao Mais Goiás, o advogado Vitor Oliveira Dias, que atua na área de Direito de Família, explicou que esse tipo de prova é aceito desde que as redes sociais surgiram, desde que o material seja considerado idôneo. “O Código de Processo Civil já prevê que qualquer meio moralmente legítimo pode ser utilizado para provar um fato”, afirmou. Ele acrescenta que o tema ganhou mais destaque após o Código de Processo Civil de 2015 passar a mencionar expressamente fotografias digitais e conteúdos obtidos pela internet.

Segundo ele, publicações funcionam hoje como uma fonte direta de comprovação, especialmente quando não existem testemunhas ou outros meios capazes de mostrar a realidade dos fatos. “Os prints muitas vezes são o único meio de mostrar que a verdade é diferente do que foi afirmado”, disse o advogado.

Vitor explica que fotografias, vídeos, textos e até registros de viagens podem ser utilizados, conforme prevê o artigo 422 do Código de Processo Civil. Postagens que revelam atividades de lazer, bens, ambientes frequentados e um padrão de vida elevado são frequentemente usadas para contestar declarações de renda baixa.

O advogado também detalha os requisitos para que prints sejam considerados válidos como prova documental. Ele afirma que o material deve ser minimamente confiável e capaz de gerar uma percepção comum entre aqueles que têm acesso ao conteúdo. “É claro que esse tipo de prova pode ter sua validade questionada, mas se o questionamento não for contundente, prevalecerá o que o conteúdo indica”, explicou. Ele acrescenta que a idoneidade pode ser reforçada com atas notariais ou perícias que confirmem a autenticidade do material.

Padrão de vida e valor da pensão

Vitor Dias também comentou sobre a relação entre padrão de vida e o valor da pensão. Segundo ele, a concessão de alimentos se baseia em necessidade, possibilidade e proporcionalidade. O dependente deve receber de acordo com suas necessidades e com a capacidade financeira de quem paga. “Pessoas mais ricas podem proporcionar alimentos mais elevados e isso significa que não apenas poderão, como deverão dar aos seus dependentes além do mínimo, o conforto”, esclareceu.

Sobre o impacto dessas provas digitais no processo, o advogado explica que elas têm influência direta até o ponto em que não seja possível deduzir o contrário. Caso a defesa não consiga contestar o conteúdo, prevalece a interpretação gerada pelas próprias imagens. “Se a defesa não consegue refutar o conteúdo, prevalece a percepção que qualquer pessoa teria ao ver a imagem, inclusive o juiz”, afirmou.