APOSTAS ONLINE

Governo recebe 113 pedidos de autorização de empresas para atuar nas apostas online

Quase metade dos jogadores de apostas esportivas online são jovens de baixa renda

Explosão de outorgas para apostas online no Brasil Foto: Pixabay

O governo federal anunciou que recebeu 113 pedidos de outorga de empresas de apostas online, popularmente conhecidas como bets, sendo mais de 80 solicitações feitas apenas nesta semana, quando o prazo foi finalizado. A expectativa é de arrecadar R$ 3,3 bilhões apenas na primeira fase de licenciamento.

Nos últimos 12 meses, os brasileiros gastaram R$ 68,2 bilhões em apostas online, resultando em perdas de quase R$ 24 bilhões, conforme dados de um estudo do Banco Itaú. De acordo com o levantamento, as perdas equivalem a 0,2% do PIB brasileiro.

Uma pesquisa recente do Instituto Locomotiva, realizada com mais de 2 mil entrevistados em 142 cidades brasileiras, revela o perfil dos apostadores no Brasil. Quase metade dos jogadores de apostas esportivas online são jovens de baixa renda, entre 19 e 29 anos, e 34% pertencem às classes C-D-E. Além disso, um terço desses apostadores está endividado e com o nome negativado, e 37% deles possuem três ou mais cartões de crédito, que são frequentemente utilizados para realizar as apostas. 

Com a regulamentação do mercado prevista para janeiro de 2025, o governo enfrenta o desafio de equilibrar os interesses econômicos com a proteção da saúde pública. De acordo com o Jornal Folha de São Paulo, a maior parte das reuniões realizadas para discutir as novas regras contou com a presença de representantes das casas de apostas, enquanto os profissionais de saúde foram ouvidos em apenas cinco ocasiões. 

Especialistas, como o professor Hermano Tavares, coordenador do Programa de Atendimento ao Jogador (Pro-Amjo) do Hospital das Clínicas da USP, alertam para uma “epidemia de dependência em jogos” que está se espalhando pelo país. A falta de dados atualizados e a ausência de uma rede de apoio estruturada para tratar a ludopatia são indicativos de que o Brasil não está preparado para lidar com os efeitos colaterais do crescimento das apostas online.

As empresas de apostas online investem massivamente em marketing, com estimativas de gastos entre R$ 5,8 bilhões e R$ 8,8 bilhões somente em 2023. O investimento inclui patrocínios de times de futebol, transmissões esportivas e influenciadores digitais.