melhor ou pior?

Home office: trabalhar em casa faz bem para a saúde? Estudo responde

Impacto pode ser diferente para homens e mulheres; confira

Home office: trabalhar em casa faz bem para a saúde? Estudo responde Impacto pode ser diferente para homens e mulheres; confira
Imagem: FreePik

Os impactos do home office na saúde mental continuam em debate, mas um novo estudo australiano oferece respostas importantes. Pesquisadores analisaram 20 anos de dados para entender se trabalhar em casa realmente faz bem — e descobriram que, sim, especialmente para as mulheres. As conclusões ajudam a esclarecer a pergunta cada vez mais comum em tempos de trabalho híbrido: afinal, o trabalho remoto melhora ou prejudica o bem-estar?

Como o deslocamento pesa na saúde mental

Entre os resultados, um dado chamou atenção: o deslocamento diário afeta homens e mulheres de formas diferentes. Para elas, o tempo gasto indo e voltando do trabalho não apresentou impacto significativo. Já para os homens que já tinham saúde mental fragilizada, deslocamentos maiores foram associados a piora no bem-estar.

Os pesquisadores apontam que, para um homem com saúde mental próxima da média, adicionar 30 minutos ao trajeto diário teve efeito semelhante a uma perda de 2% na renda familiar.

Modelo híbrido favorece mulheres

Quando o assunto é home office, os efeitos foram mais positivos para as mulheres — mas não de qualquer tipo. O maior benefício apareceu no modelo híbrido: trabalhar majoritariamente em casa, mas ainda ir ao escritório um ou dois dias por semana.

Para mulheres com saúde mental fragilizada, esse arranjo foi ainda mais vantajoso do que trabalhar apenas presencialmente. O ganho de bem-estar foi comparável a um aumento de 15% na renda familiar.

Os motivos vão além da economia de tempo no deslocamento. O trabalho remoto ajudou a reduzir estresse, melhorar a conciliação entre tarefas profissionais e familiares e permitir maior autonomia na rotina.

E para os homens?

No caso dos homens, o home office — seja parcial ou integral — não demonstrou efeito claro na saúde mental. Segundo o estudo, isso pode estar relacionado a fatores sociais: muitos homens constroem suas redes de apoio principalmente no ambiente de trabalho, o que faz do escritório um ponto importante de convivência e estabilidade emocional.

Quem mais se beneficia do home office?

Os trabalhadores com saúde mental mais sensível foram os que mais sentiram diferença, tanto positiva quanto negativa. Pessoas já fragilizadas emocionalmente tendem a ter menor capacidade de lidar com estresse adicional — seja ele causado por longos deslocamentos, seja pela falta de flexibilidade no trabalho.

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Já trabalhadores com saúde mental estável demonstraram ser menos impactados pelo regime adotado, embora também valorizem a possibilidade de escolher onde trabalhar.

O que o estudo recomenda

Para trabalhadores

– Observe como cada modelo afeta seu bem-estar.
– Organize tarefas mais difíceis nos dias em que estiver no ambiente onde se sente mais confortável.

Para empregadores

– Ofereça flexibilidade, especialmente para funcionários com histórico de saúde mental frágil.
– Considere modelos híbridos, que têm se mostrado os mais equilibrados.
– Inclua o tempo de deslocamento nas discussões sobre carga de trabalho.

Para formuladores de políticas públicas

– Invista em transporte público mais eficiente.
– Incentive políticas de trabalho flexível.
– Amplie o acesso a serviços de saúde mental.

Conclusão

Os pesquisadores acompanharam a evolução da saúde mental de mais de 16 mil trabalhadores conforme mudavam seus hábitos de deslocamento e seus modelos de trabalho, incluindo o home office parcial ou integral. O estudo considerou fatores como tempo de deslocamento, rotina familiar, histórico de saúde mental e mudanças na renda.

Por fim, o home office pode, sim, trazer grandes benefícios para a saúde — mas não da mesma forma para todos. Para muitas mulheres, especialmente as que já enfrentam desafios emocionais, trabalhar em casa, com doses moderadas de presencial, pode ser o equilíbrio ideal.