Influenciador é preso na Argentina por esquema que desviou R$ 146 milhões via PIX
Gabriel teve o nome incluído na Difusão Vermelha da Interpol
O influenciador digital e empresário Gabriel Spalone, de 29 anos, foi preso na noite de sábado (27) ao desembarcar no Aeroporto Internacional de Buenos Aires, na Argentina. Ele é suspeito de integrar um esquema que desviou aproximadamente R$ 146,5 milhões por meio de transferências via PIX. Horas antes, ele havia sido liberado por autoridades no Panamá, onde estava detido.
A prisão na Argentina foi resultado de uma ação coordenada pela Polícia Federal (PF) brasileira, com o apoio das polícias da Argentina, Panamá, Paraguai, Estados Unidos e da Polícia Civil de São Paulo. Spalone agora aguarda na Argentina os trâmites burocráticos e judiciais para sua extradição ao Brasil.
Na terça-feira (23), a Polícia Civil de São Paulo deflagrou a “Operação Dubai” para cumprir mandados de prisão temporária e busca e apreensão. Spalone, no entanto, não foi encontrado e foi considerado foragido.
De acordo com as investigações, ele iniciou sua fuga partindo para o Paraguai. De lá, comprou uma passagem com destino a Nova York, nos Estados Unidos, com uma escala no Panamá. Seu suposto destino final era Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, cidade onde frequentemente exibia seu estilo de vida de investidor bem-sucedido para seus mais de 843 mil seguidores no Instagram.
A primeira detenção ocorreu na sexta-feira (26), no Aeroporto Internacional do Panamá. Durante a escala, Spalone alterou seus planos e tentou comprar uma passagem para a Holanda. Foi nesse momento que as autoridades panamenhas o detiveram. No entanto, em menos de 24 horas, ele foi liberado. Segundo seu advogado, Eduardo Maurício, a ausência de um mandado de prisão internacional ou de uma inclusão na “lista vermelha” da Interpol naquele momento tornou a detenção “ilegal e abusiva”. As autoridades do Panamá o liberaram para seguir viagem.
No entanto, após o ocorrido, a Polícia Civil de São Paulo, em conjunto com a Polícia Federal, conseguiu a inclusão do nome de Gabriel Spalone na Difusão Vermelha da Interpol, um alerta vermelho para criminosos procurados internacionalmente. Com isso, ao pousar em Buenos Aires, ele foi localizado e preso pela Interpol ainda dentro do avião.
Esquema de fraude bancária
Spalone é investigado por sua suposta participação em um sofisticado esquema de fraude bancária. Em fevereiro deste, em menos de cinco horas, foram realizadas mais de 600 transferências via PIX que totalizaram R$ 146.593.142,28.
Segundo a polícia, os criminosos utilizaram credenciais de uma empresa prestadora de serviços para efetuar os desvios, uma manobra conhecida como “PIX indireto”. O dinheiro foi transferido para outras dez contas no mesmo banco. Embora a instituição financeira tenha identificado a fraude e conseguido estornar parte do valor, recuperando cerca de R$ 100 milhões, o prejuízo efetivo foi estimado em R$ 39 milhões.
Em nota, o advogado de Spalone, Eduardo Maurício, afirmou que exercerá a defesa do empresário no processo de extradição na Argentina. A defesa já requereu no Brasil a revogação da prisão preventiva e anunciou que irá impetrar um Habeas Corpus, além de pedir a exclusão do nome de Spalone da lista da Interpol diretamente na sede da organização, em Lyon, na França. Maurício também informou que foi feita uma denúncia na Corte Interamericana de Direitos Humanos, com o objetivo de permitir que Gabriel responda ao processo em liberdade.
A defesa sustenta a inocência do empresário, classificando-o como “idôneo” e afirmando que ele “está à disposição da autoridade policial para colaborar”.
Leia também: