BEBIDAS ADULTERADAS

Intoxicação por metanol: especialista explica riscos em diferentes bebidas alcoólicas

Especialista explica como o composto químico entra nas bebidas

Intoxicação por metanol: especialista explica riscos em diferentes bebidas alcoólicas
Taça de vinho (Foto: Reprodução/Pixabay)

O consumo de bebidas contaminadas com metanol foi associado a pelo menos cinco mortes em São Paulo, segundo investigações do Ministério da Justiça e Segurança Pública. As bebidas adulteradas identificadas até agora foram gin, uísque e vodca, vendidos em bares e adegas. A situação levanta dúvidas sobre os riscos em outros tipos de álcool, como cerveja e vinho.

Onde o metanol pode aparecer

Em entrevista ao jornal O Globo, Thiago Correra, professor do Instituto de Química da USP, explicou que o metanol pode surgir de duas formas: naturalmente, no processo de fermentação de frutas, ou por falhas na destilação, quando a primeira fração do processo, chamada de “cabeça” — rica em metanol — não é descartada corretamente.

O risco maior, no entanto, está na adulteração intencional, quando criminosos adicionam metanol industrial para elevar o teor alcoólico de forma artificial. Essa prática é ilegal e altamente tóxica.

Segundo Correra, os destilados, como cachaça, aguardente e uísque, apresentam maior risco de conter níveis perigosos de metanol, especialmente quando fabricados de forma clandestina.

Fermentados oferecem menos risco

Nas bebidas fermentadas, como o vinho, pequenas quantidades de metanol podem aparecer devido à fermentação das cascas de frutas ricas em pectina, mas esses níveis são considerados baixos e regulados por normas de segurança.

Já a cerveja praticamente não apresenta risco, pois o processo de produção não gera metanol em quantidades relevantes. Além disso, segundo o especialista ouvido pelo O Globo, não há vantagem econômica em adulterar cerveja com metanol.

Mesmo assim, Correra alerta que, se a substância for adicionada propositalmente a um copo já servido, qualquer bebida pode ser contaminada.

Diferença entre etanol e metanol

O metanol e o etanol são visualmente semelhantes: ambos são incolores e possuem cheiro parecido, o que dificulta a identificação a olho nu. A distinção está nos efeitos no organismo.

Enquanto o etanol é metabolizado em substâncias eliminadas pelo corpo, o metanol se transforma em formaldeído e ácido fórmico, compostos tóxicos que podem causar graves danos à saúde.

Como evitar bebidas contaminadas

A Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe) recomenda medidas para reduzir riscos:

  • Verificar se a vedação da embalagem está intacta.
  • Conferir se o volume do líquido segue um padrão.
  • Observar se há rótulo em português com número de registro no MAPA.
  • Desconfiar de preços muito abaixo do mercado.
  • Comprar apenas em locais de confiança.

Sintomas de intoxicação por metanol

Entre os sinais de contaminação estão:

  • dor de cabeça,
  • náuseas e vômitos,
  • dor abdominal,
  • confusão mental,
  • visão turva repentina ou até cegueira.