Inclusão

Jovem cria projeto de jogos de tabuleiro para deficientes físicos

Inclusão sempre foi uma palavra-chave na iniciativa científica. Com o passar dos anos, novas tecnologias…

Inclusão sempre foi uma palavra-chave na iniciativa científica. Com o passar dos anos, novas tecnologias e descobertas permitiram melhorar a qualidade de vida de toda a população do mundo através do acúmulo de conhecimento em pequenos passos, diversas tentativas e muita boa vontade.

 

E boa vontade não falta para o paulista Diego Silva, jovem de Limeira que, ainda no Ensino Médio e ao lado dos colegas Kevin Marçal e Diego Araújo, desenvolveu uma forma simples e prática que permite pessoas portadoras de paralisia e outras deficiências nas mãos a oportunidade de jogar jogos de tabuleiro.

 

Chamada inicialmente de JOTADEF (Jogo de tabuleiro adaptado para deficiente físico), o projeto consiste em uma adaptação que usa eletroímãs para permitir a movimentação das peças no tabuleiro com grande facilidade por parte do usuário.

 

“A adaptação consiste em um eletroímã acoplado ao braço da pessoa que o aciona com a outra mão ou com o pé que puxa a peça com uma base metálica lhe permitindo pegar e soltar a peça através desse botão, podendo mover as peças pelo tabuleiro”, explica Silva, atualmente com apenas 19 aos e cursando Ciências do Esporte na Unicamp.

 

Ele conta que o projeto conseguiu começar a chamar atenção após ser apadrinhado por Lélio Sarcedo, cinco vezes campeão brasileiro de damas e presidente da Confederação Brasileira do Jogo de Damas que conseguiu um espaço para que Silva mostrasse o JOTADEFF durante o BSOP (Campeonato Brasileiro de Pôquer), maior da América Latina.

 

“O projeto ficou parado por um período após o Ensino Médio. A princípio não tinha financiamento e eu corria atrás de quem pudesse apoiar, mas era muito difícil e nunca conseguimos uma resposta positiva. Acabou que meus pais apoiavam o projeto”, conta Silva. Porém, a iniciativa atraiu diversos interessados durante o evento de pôquer em São Paulo e o jovem agora tem esperanças de conseguir abrir várias portas: “apareceram algumas pessoas interessadas que se apaixonaram pelo projeto e que devem apoiar a iniciativa daqui pra frente”.

 

Ele contou que inicialmente nenhuma universidade demonstrou interesse, mas ele acredita que isto foi devido ao curto alcance do projeto até agora: “Eu tenha um plano de tentar dar sequência na adaptação na Unicamp,  de desenvolver artigos e práticas científicas dentro da universidade, até que surgiu o interesse da ABRESPI (Associação Brasileira de Esportes Intelectuais) e mais pessoas interessadas”.

 

O projeto ainda é em pequena escala e começa a dar seus primeiros passos no sentido de expansão e de, quem sabe, na fabricação de peças no futuro próximo. Porém, ele agora está em seu auge desde quando foi originalmente idealizado, três anos atrás.

 

Tudo começou em 2013, com Silva e seus amigos ainda no Ensino Médio: “Eu ainda era aluno na escola técnica Trajano Camargo em Limeira. Essa escola tinha uma disciplina chamada projeto técnico-científico. A escola é muito reconhecida por seus projetos. Eu formei um grupo com o Kevin Marçal e o Diego Araújo e tivemos a ideia de desenvolver um jogo de tabuleiro para deficientes físicos. Na época eu fazia um curso de eletricista de manutenção, o Diego era voltado pra área de mecânica e em um ano criamos dois protótipos e começamos a trabalhar na Associação Integrada de Deficientes e Amigos (Amiga) lá da cidade de Limeira mesmo”.

 

No ano seguinte, o projeto já se expandiu. Eles começaram a fazer trabalho social com mais quatro colegas: “A disciplina passa no terceiro ano para projetos de educação para cidadania e aproveitamos o gancho para fazer trabalho social em Limeira. Criamos um novo protótipo mais portátil. Conforme a experiência dos usuários da adaptação, nós a modificamos de acordo com a necessidade dos usuários. Fomos para a Associação de Reabilitação Infantil Limeirense e lá começamos a trabalhar com pessoas com paralisia, sem o movimento de pinça ou sem a mão, que não podiam pegar uma peça de dama, por exemplo”.

 

Diego agora sonha alto: “A intenção é levar essa adaptação para o mundo, para alcançar todo o público alvo que necessitam e que podem usá-la. Já conseguimos comprovar na prática que ela é muito inclusiva além de proporcionar lazer para estas pessoas além de auxiliar no processo de fisioterapia e oferecendo um exercício de raciocínio através do trabalho cognitivo dos jogos intelectuais”.