Lula critica ‘minoria violenta e antidemocrática’, prega união e chora após receber a faixa
O discurso do presidente recém-empossado ocorreu no parlatório do Palácio do Planalto
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou neste domingo (1º) o que chamou de “minoria violenta e antidemocrática”, mas pregou a união após receber a faixa presidencial e prometeu governar para todos os brasileiros —inclusive para os que não votaram nele.
O discurso do presidente recém-empossado ocorreu no parlatório do Palácio do Planalto. Ele falou para milhares de apoiadores concentrados na Praça dos Três Poderes, após receber a faixa presidencial.
O petista tomou posse para o terceiro mandato como presidente após eleições marcadas por ataques de Jair Bolsonaro (PL) às urnas eletrônicas.
Durante discurso, Lula chorou e foi ovacionado no parlatório sob gritos de “Lula guerreiro do povo brasileiro”.
A cerimônia de posse de Lula começou por volta das 14h30 com o desfile em carro aberto pela Esplanada em direção ao Congresso, onde ele foi empossado e discursou. Ele desfilou acompanhado da primeira-dama, Rosângela Lula da Silva —a Janja—, pelo vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), e sua esposa, Lu Alckmin.
Na etapa feita no Planalto, depois de discursar, Lula recebe cumprimentos de chefes de estado e de governo e de outras autoridades estrangeiras que acompanham a cerimônia. Em seguida, vai dar posse aos 37 ministros do novo governo.
A cerimônia no Planalto se encerra com a foto oficial do presidente com o primeiro escalão do governo. Lula, então, vai recepcionar as delegações estrangeiras no Palácio do Itamaraty.
Antes de falar do parlatório, Lula e Alckmin subiram a rampa do Planalto.
Em 2003, quando tomou posse para o primeiro mandato, Lula disse no parlatório do Planalto que a sua eleição era o resultado do “sonho de uma geração”. Ainda lembrou dos “companheiros que morreram pela democracia e pelas liberdades”.
Ao abrir o segundo mandato, na cerimônia esvaziada de 2007, Lula prometeu trabalhar pelo crescimento econômico combinado à inclusão social e distribuição de renda.
O petista recebeu 50,9% dos votos válidos no segundo turno das eleições de 2022, e Bolsonaro, 49,1%. Foi a primeira vez que um presidente perdeu uma disputa pela reeleição no país.
Derrotado, Bolsonaro entregou a gestão federal aos ministros e passou dar sinais dúbios a apoiadores para inflamar manifestações golpistas em quartéis e nas estradas contra a posse de Lula.
Bolsonaro deixou o Brasil na sexta (30) e viajou para Orlando, nos Estados Unidos. Rompendo uma tradição democrática, ele não passou a faixa ao sucessor.
O PL, partido do ex-presidente, ainda pediu a anulação de votos depositados em urnas de modelos anteriores a 2020, em ação que foi negada e classificada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) como tentativa de tumultuar a democracia.
No intervalo entre o segundo turno e a posse, além de montar a equipe, Lula precisou liderar articulações para desarmar a ameaça de insubordinação nas Forças Armadas e evitar a escalada de manifestações bolsonaristas.
Ele ainda negociou com o Congresso a aprovação de uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) para recompor o Orçamento de 2023 e ampliar o Bolsa Família.