STF

Moraes barra filhos de Bolsonaro de acompanhar a cirurgia do pai; só Michelle está autorizada

Bolsonaro será internado em um leito do hospital DF Star, em Brasília, em 24 de dezembro. Cirurgia será um dia depois

Moraes barra filhos de Bolsonaro de acompanhar a cirurgia do pai; só Michelle está autorizada
Moraes barra filhos de Bolsonaro de acompanhar a cirurgia do pai; só Michelle está autorizada (Foto: Flickr - Família Bolsonaro)

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes não permitiu acompanhantes com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que passará por cirurgia para correção de duas hérnias inguinais no Natal (25 de dezembro), exceto a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL). A decisão é desta terça-feira (23).

Com isso, os filhos de Bolsonaro, o senador Flávio e o ex-vereador Carlos Bolsonaro, só poderão ir ao local com “prévia autorização judicial”. O ex-presidente deve ser transferido para internação no Hospital DF Star na quarta-feira (24).

“Autorizo a presença da esposa do custodiado, Michelle de Paula Firmo Reinaldo Bolsonaro, como acompanhante durante toda sua internação, observadas as regras do hospital. As demais visitas somente poderão ocorrer com prévia autorização judicial”, escreveu Moraes na decisão.

A decisão tomada por Moraes, que autorizou a cirurgia, teve o respaldo da Procuradoria-Geral da República (PGR), que também se manifestou favorável ao pedido da defesa para que a cirurgia fosse realizada. O ministro também levou em conta um laudo produzido por médicos da junta de peritos da Polícia Federal (PF) que recomendou que o procedimento ocorresse o mais rápido possível.

Bolsonaro está preso na Superintendência da PF, em Brasília, onde cumpre pena de 27 anos e três meses por tentativa de golpe de Estado.

O que diz o laudo

Um laudo produzido por médicos peritos da Polícia Federal no dia 19 de dezembro relata que o ex-presidente soluçou com frequência de aproximadamente 30 a 40 vezes por minuto no período em que o exame acontecia. O documento foi entregue ao ministro Alexandre de Moraes, que, embora tenha outra vez negado o pedido de prisão domiciliar, autorizou a realização de uma cirurgia.

“Notou-se que os episódios de soluços permaneceram durante todo o exame sem qualquer remissão ou melhora, com frequência de aproximadamente 30 a 40 episódios por minuto”, afirma o laudo, assinado pelos médicos Cristian Kotinda Júnior, André Ricardo Pessoa Sousa, Alexandre Pavan Garieri e Hugo Oliveira de Figueiredo Cavalcante. Eles recomendaram que a cirurgia aconteça “o mais breve possível”, tendo em vista que o ex-presidente é portador de uma hérnia inguinal bilateral que necessita de reparo cirúrgico em caráter eletivo.

“O soluço é caracterizado por contrações involuntárias e erráticas dos músculos intercostais e do diafragma, seguidas imediatamente pelo fechamento da glote na laringe”, explica a junta de especialistas. “A persistência e a intratabilidade do quadro [de soluço] frequentemente sinalizam a presença de irritação estrutural ou funcional envolvendo o arco reflexo. Quaisquer irritantes físicos e químicos, bem como condições inflamatórias que perturbem o reflexo do soluço, podem causar a afecção”.

“No tocante ao quadro de soluços, o bloqueio do nervo frênico é tecnicamente pertinente. Quanto à tempestividade do procedimento, esta Junta Médica entende que deve ser realizado o mais breve possível, haja vista a refratariedade aos tratamentos instituídos, a piora do sono e da alimentação, além de acelerar o risco das complicações do quadro herniário, em decorrência do aumento da pressão intra-abdominal”, diz o laudo.