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‘Pai’ da Ficha Limpa diz ser improvável que Bolsonaro fique elegível para 2026

Márlon Reis afirma que só alterações na legislação mudariam cenário

'Pai' da Ficha Limpa diz ser improvável que Bolsonaro fique elegível para 2026 Márlon Reis só alterações na legislação mudariam cenário

O advogado e ex-juiz Márlon Reis, um dos idealizadores da Lei da Ficha Limpa, considera improvável que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deixe de ser inelegível e possa se candidatar em 2026, como querem seus apoiadores.

“Essa possibilidade está totalmente dependente de alteração legislativa”, diz ele, que não vê a ala bolsonarista do Congresso com força suficiente neste momento para aprovar mudanças drásticas de legislação em benefício do ex-mandatário. “Não vejo viabilidade”, opina.

Reis avalia que as duas saídas para Bolsonaro seriam a aprovação de uma anistia ou uma alteração na lei de inelegibilidades, que foi endurecida pela Ficha Limpa, em 2010. “Como se trata de uma lei complementar à Constituição, seria necessária a aprovação por maioria absoluta do Congresso”, diz.

Além disso, ele fala que não acredita “na mínima possibilidade de reforma [revisão] pelo Supremo, porque houve uma aplicação muito direta da lei de inelegibilidades”.

O advogado afirma ainda que a inelegibilidade de Bolsonaro é resultado direto da Lei da Ficha Limpa, que deixou explícita no texto a possibilidade de punição mesmo para candidatos derrotados em eleições. Antes, segundo ele, a o mais comum era que esses casos terminassem engavetados.

A vitória de Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos levou aliados de Bolsonaro à euforia, e injetou novo ânimo no projeto de torná-lo elegível para disputar em 2026.

De acordo com interlocutores do ex-presidente, o STF (Supremo Tribunal Federal), que poderia ter a última palavra tanto sobre os direitos políticos como sobre uma anistia que beneficiasse Bolsonaro, não conseguirá resistir ao “vento contra” que poderá soprar sobre os magistrados a partir dos EUA.

O ex-presidente brasileiro foi condenado pela Justiça Eleitoral em duas ações, ambas em 2023: a primeira pela reunião feita no Palácio da Alvorada com embaixadores para deslegitimar o sistema eleitoral. A segunda, sobre uso do 7 de setembro de 2022 para fazer campanha eleitoral.

Pelas regras, a condenação pela Lei da Ficha Limpa que tornou Bolsonaro inelegível durará até 2030. A defesa do ex-presidente recorreu ao Supremo nos dois casos. Ela tem até 2026 para esgotar os recursos na corte.

*Via Folha de São Paulo