CONTRADIÇÃO

Passageiros de ônibus em chamas na GO-213 contestam versão da PM sobre salvamento

Jovem que estava no veículo no momento do incidente comentou sobre a postura do motorista e as condições do ônibus

Ônibus que pegou fogo na saída de Caldas Novas, na manhã de segunda-feira (20) (Foto: Reprodução)
Ônibus que pegou fogo na saída de Caldas Novas, na manhã de segunda-feira (20) (Foto: Reprodução)

Passageiros do ônibus da Viação Paraúna, que pegou fogo na manhã de segunda-feira (20) na GO-213, saindo de Caldas Novas, contestaram a versão divulgada pela Polícia Militar (PM) sobre o resgate e as circunstâncias do incidente. De acordo com a polícia, três PMs salvaram os 25 passageiros e o motorista do veículo, que foi completamente destruído pelas chamas. No entanto, relatos de passageiros sugerem que a situação foi diferente.

Pedro Bispo, de 23 anos, era um dos passageiros do ônibus e relatou ter alertado o motorista sobre a fumaça que saía do motor. Segundo o jovem, ele foi o responsável por orientar os demais ocupantes a descerem do veículo.

“Ele (o motorista) parou na barreira. O pessoal achou que o policial tinha mandado parar, só que ele desceu e saiu correndo para dentro do batalhão. Eu levantei e vi pelo vidro de cima da porta, muita fumaça saindo por dentro do painel. Então cheguei lá perto para conseguir ver melhor”, explicou.

Pedro descreveu o momento de tensão entre os passageiros e a sua iniciativa para evitar pânico. “O pessoal já começou a ficar meio desesperado. Eu falei: ‘Gente, vamos descer os idosos primeiro, então vamos manter a calma.’ Eu fui a última pessoa a descer do ônibus, para ver se alguém tinha esquecido alguma coisa”, relatou. O jovem ressaltou que essa iniciativa e preocupação com os passegeiros deveria ser do motorista do veículo.

Além disso, ele criticou as condições precárias do veículo, apontando falhas na manutenção. “O ônibus estava sem condição nenhuma de viajar. Tinham vários assentos rasgados, outros sem fivela no cinto de segurança. Quando embarquei, perguntei ao motorista se estava tudo certo com o ônibus. Ele falou que não sabia, que era a primeira vez dirigindo o veículo”, completou Pedro, levantando questionamentos sobre a responsabilidade da empresa de transporte.

Outro passageiro, identificado como Diogo reforçou: “É mentira mesmo, não entendo por que estão criando histórias! O motorista foi alertado por passageiros e parou na barreira por conta própria para pedir apoio”. E ironizou: “Só tinha um policial lá no momento; depois de controlado (o incêndio) apareceram mais dois. Realmente o apoio da PM foi excelente.” Ele afirmou que o pai estava no ônibus e contou para ele o que aconteceu.

A versão oficial da PM aponta que os policiais, ao perceberem os gritos de socorro, correram até o local e buscaram salvar todos os ocupantes do ônibus sem ferimentos. Além disso, os policiais retiraram as malas do bagageiro antes de deslocar o veículo para um local isolado devido ao risco de explosão.

Falta de suporte aos passageiros

Além de toda a situação de perigo, os passageiros relataram que a Viação Paraúna não prestou apoio adequado e demorou em enviar outro ônibus ao local do acidente. Pedro, contou que, por precisar retornar a Goiânia com urgência, teve que pagar R$ 150 a um caminhoneiro que passava pelo local para conseguir seguir viagem.

Até o momento, a empresa não entrou em contato com ele para ressarcir o prejuízo ou devolver o valor da passagem que ele não utilizou. Pedro afirmou que tentou contato no dia do incêndio, mas não recebeu retorno da Viação.

O incêndio destruiu completamente o ônibus, e as causas do fogo ainda estão sendo investigadas. A Viação Paraúna foi contatada, mas não se pronunciou até o momento.

A situação continua sendo apurada pelas autoridades, que buscam esclarecer todos os detalhes sobre o incêndio e as investigações do resgate.