Quem é a ‘Negona do Bolsonaro’, citada em relatório da PF sobre medidas cautelares do ex-presidente
Influenciadora é citada por usar as redes para propagar mensagens de Bolsonaro, ato proibido por medida de Moraes
A influenciadora e vereadora suplente do Rio de Janeiro Vanessa Silva (PL), conhecida nas redes sociais como “Negona do Bolsonaro“, foi mencionada em relatório da Polícia Federal (PF) como uma das pessoas utilizadas por Jair Bolsonaro (PL) para driblar medidas cautelares determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Na última quarta-feira (20), a PF indiciou Bolsonaro e seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), pelos crimes de coação no curso do processo e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. A investigação aponta supostas articulações para ampliar sanções dos Estados Unidos contra o Brasil. Segundo a corporação, Vanessa teria usado suas redes sociais para divulgar mensagens do ex-presidente, descumprindo a determinação de Moraes.
No dia 3 de agosto, durante manifestações que pediam anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023, Bolsonaro enviou vídeos à influenciadora para mostrar que acompanhava os protestos de casa, já que estava proibido de comparecer devido às medidas cautelares. Para a PF, essa conduta demonstrou “o objetivo de burlar as restrições”.
Em um dos registros, Bolsonaro escreveu: “de casa acompanhando. Obrigado a todos. Pela nossa liberdade. Jair Bolsonaro”. Pouco depois, Vanessa republicou o material no X (antigo Twitter), onde reúne mais de 100 mil seguidores, e no Instagram, em que tem cerca de 136 mil. Apesar da citação no inquérito, ela não é investigada pela PF.
Segundo o relatório, Bolsonaro atuou “de forma livre e consciente” para “propagar e amplificar, por meio das redes sociais, ataques em face de Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos chefes do Poder Legislativo (Câmara dos Deputados e Senado Federal), de modo a coagir e restringir o livre exercício dos poderes constituídos, visando impor a votação de proposta de anistia e de destituição de ministros do STF por supostos crimes de responsabilidade”.
Atuação política
Nas redes sociais, Vanessa também se apresenta como “mulher 01” do ex-presidente. Em 2024, tentou se candidatar a vereadora pelo PL usando o nome “Negona do Bolsonaro”, mas foi impedida pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ). De acordo com a decisão, o termo poderia ser interpretado como “palavra preconceituosa” e “racista”.
À época, ela contestou: “A decisão desse desembargador de me proibir de usar o nome “Negona”, o nome com o qual sou conhecida, é uma afronta para minha identidade! Querem dizer que eu, uma mulher preta, sou racista contra mim mesma por me chamar de “Negona”? Isso é uma aberração jurídica!”.
A candidatura foi mantida com o nome “Vanessa Silva”. Durante a campanha, além do fundo partidário, recebeu uma doação de R$ 7.692,30 do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), réu na ação penal sobre a suposta trama golpista. Com 10.416 votos, não se elegeu, mas ocupa a vaga de suplente.
Hoje, Vanessa segue atuando nas redes sociais, onde compartilha conteúdos voltados ao público bolsonarista. Suas postagens recentes têm abordado críticas ao STF, elogios ao ex-presidente norte-americano Donald Trump e repercussões das sanções econômicas dos EUA contra o Brasil.