“Rede de solidariedade” se forma para proteger vulneráveis do coronavírus em Goiânia
Desde a última terça-feira, funcionam dois postos fixos que realizam juntos quase 500 atendimentos por dia
Uma vistosa rede de voluntários uniu esforços com a prefeitura de Goiânia para proteger, do coronavírus, pessoas que estão em situação de vulnerabilidade social. Desde a última terça-feira, funcionam dois postos fixos – um no Cepal do setor Sul e outro no mercado aberto da avenida Paranaíba – que realizam juntos quase 500 atendimentos por dia.
Participam desta rede nada menos do que 15 entidades e associações (veja a relação no fim da matéria). Elas reúnem um exército de pessoas dispostas a ajudar que é muito maior do que comporta a estrutura hoje montada. Este fato surpreende Nayara Rezende, da entidade “Pão com Amor” (@paocomamor).
“Estou surpresa, claro. Alguns dizem até que topam assinar um termo de responsabilidade para se expor ao risco de contaminação, mas temos optado por levar às ruas o menor número possível de colaboradores”, afirma. Otimista, Nayara aposta que a rede continuará a crescer para que nunca falte nada ao serviço voluntário.

As entidades montaram uma escala para ajudar a prefeitura nos dois postos fixos de atendimento. A “Pão com Amor” foi escalada para participar aos domingos. Na quarta-feira, as diligências ficaram a cargo da associação Tio Cleobaldo, que, segundo informações do secretário municipal de Assistência Social, Mizair Lemes Júnior, distribuiu 400 marmitas no jantar. “Estamos a pleno vapor e hoje, mais do que nunca, doações são necessárias”, diz Mayla Rigonato, da Tio Cleobaldo (quem quiser colaborar, o perfil no Instagram é @tiocleobaldoassociacao).
“Pessoas de bom coração”
A prefeitura conta também com o suporte da Organização das Voluntárias de Goiás (OVG), que por dia oferece 200 marmitas produzidas pelo Restaurante Cidadão. “Sozinhos, nós não daríamos conta de atender uma demanda tão grande. Graças a Deus existem pessoas de bom coração”, afirma Mizair Lemes Júnior, secretário municipal de Assistência Social. A Semas colocou nas ruas um grupo de 100 servidores para cuidar dos postos de atendimento. Há também guardas municipais para garantir a distância mínima entre as pessoas nas filas e médicos e enfermeiros da Secretaria Municipal de Saúde para monitorar o quadro clínico de quem passa por ali.
A rotina é bem organizada. O café da manhã é servido das 8 às 10 horas. Geralmente, pães com manteiga (e salame, quando há doações). Às 12 horas, são distribuídas as marmitas dadas pela OVG e por uma ou outra instituição que estiver na escala. Há sempre uma porção de arroz, uma de carne e uma de legumes cozidos. Das 19 às 21 horas, acontece o banho, o jantar (sopa, na maior parte das vezes). Em todos estes turnos. ficam à posição quatro unidades sanitárias com chuveiro de água quente, torneiras e vasos sanitários – higienizados três vezes por dia.

Não só moradores de rua recorrem à boa vontade da rede de solidariedade que foi montada. Há também trabalhadores informais, desempregados e chefes de família em situação difícil. Alguns dormem nas redondezas para não perder a próxima refeição. Foi assim que Nayara, do grupo Pão com Amor, conheceu dois idosos que vieram de Brasília a caminho de São Paulo mas que, por conta da epidemia, resolveram ficar em Goiânia por ora. Eles estão sendo assistidos pelo grupo dela.
O secretário Mizair diz que os postos de atendimento continuarão funcionando enquanto o país estiver as enfrentar os efeitos colaterais da quarentena do coronavírus. Quem quiser doar deve entrar em contato pelo telefone 9.8458.6104 (equipes buscarão as doações em casa) ou levar os produtor para a sede da Semas, na rua 25A, setor Aeroporto, das 8 às 18 horas.
As associações que já participam desta rede de solidariedade são: Tio Cleobaldo, Banho Sagrado, Banho do Bem, Grupo Espirita Regeneração Chico Xavier, Solidaire, Pão com Amor, The Street Story Goiânia, Liga do Bem, Sopa Amor Maior, Pastoria de Rua, Grupo Espirita Amor e Vida, Mãos Unidas, Amor Urgente, Cuca Fresca, Núcleo Espírita de Amparo ao Carente.