Representantes de 25 países pressionam governo para tirar COP30 de Belém; veja quais
Negociadores sugerem sede em outra cidade; organização do evento se posicionou
Faltando cerca de cem dias para o evento, representantes de 25 países pressionam o governo brasileiro para tirar a COP30 de Belém. A insatisfação está principalmente relacionada aos altos preços de hospedagem, falta de infraestrutura hoteleira adequada e insegurança logística. Em um documento enviado à organização da conferência e à UNFCCC (braço climático da ONU), negociadores pedem que, caso os problemas não sejam resolvidos, ao menos parte da COP seja transferida para outro local.
Entre os signatários estão países desenvolvidos como Áustria, Bélgica, Canadá, República Checa, Finlândia, Holanda, Noruega, Suécia e Suíça, além de blocos como o Grupo de Negociadores Africanos e o grupo dos Países Menos Desenvolvidos (LDC, em inglês). A carta cobra condições mínimas de acomodação, segurança e transporte, e alerta que a situação atual compromete a participação plena de delegações — inclusive com impacto direto na presença de chefes de Estado.
“Acreditamos que o Brasil tem muitas opções para realizar uma boa COP, por isso estamos pressionando para que forneça respostas melhores, e não apenas peça que reduzamos nossas delegações”, declarou à Reuters Richard Muyungi, presidente do grupo africano. O diplomata reforça que os países precisam garantir a presença de seus representantes e da sociedade civil de maneira digna e viável.
A pressão aumentou após uma reunião de emergência realizada na última terça-feira (29), convocada pela UNFCCC. O Brasil tem até 11 de agosto para apresentar soluções concretas aos problemas logísticos. Segundo o presidente da COP, André Corrêa do Lago, há “incompreensão” por parte de alguns hotéis sobre a gravidade da situação. Desde que Belém foi anunciada como sede da COP30, os preços dispararam e há forte déficit de leitos para acomodar as cerca de 50 mil pessoas esperadas.
A carta ressalta que “se a COP inteira for mesmo acontecer em Belém”, os organizadores precisam garantir que as condições de deslocamento e acomodação sejam minimamente atendidas. Entre as medidas em estudo estão o uso de navios cruzeiros, moradias populares do Minha Casa, Minha Vida, parcerias com escolas e a plataforma do governo com quartos a preços controlados.
Mesmo com a iniciativa, os países alegam que ainda não há clareza suficiente sobre como todas as delegações serão acomodadas. O documento afirma que essa é a primeira vez que tantas nações estão sem saber, a 100 dias do evento, como irão participar de uma COP. Também há críticas à possibilidade de que pessoas tenham que dividir quartos ou reduzir drasticamente suas delegações, o que afetaria o andamento das negociações multilaterais.
A secretaria da COP30 nega a possibilidade de mudança de local e afirma que está empenhada em encontrar soluções viáveis. No entanto, a carta mostra que a insatisfação internacional é real e crescente.
Confira alguns dos países que assinaram o documento para tirar a COP30 de Belém:
- Áustria
- Bélgica
- Canadá
- República Checa
- Finlândia
- Holanda
- Noruega
- Suécia
- Suíça
- Países do Grupo de Negociadores Africanos
- Países Menos Desenvolvidos (LDC)
*Com informações da Folha de São Paulo