Revelações de CEO das Americanas aumentam pressão por convocação de auditorias e acionistas
Integrantes da CPI das Americanas se reúnem nesta tarde para definir próximos passos da investigação
As revelações do CEO da Americanas, Leonardo Coelho Pereira, aumentaram a pressão para que a CPI da Câmara dos Deputados que investiga a fraude na companhia convoque o trio de acionistas de referência da empresa —os empresários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira— e representantes das auditorias KPMG e PwC.
As convocações estão previstas no plano de trabalho da CPI das Americanas e já há requerimentos que tratam disso. Uma sessão administrativa será realizada pelos integrantes da comissão na tarde desta quarta (14) para definir os próximos passos.
A reunião deve analisar quais requerimentos de convocação já foram aprovados para ver quem serão os próximos depoentes.
“Há requerimentos para ouvir auditores, bancos, acionistas, e principalmente os ex-diretores que até o momento são apontados como culpados, sem juízo de valor da minha parte”, disse o relator da CPI, o deputado Carlos Chiodini (MDB-SC).
“Hoje vamos ver o que já tem de requerimento aprovado e vamos fazer a pauta da semana que vem”, acrescentou.
Já há requerimentos aprovados para convocar representantes das auditorias e também de ex-diretores das Americanas. Nomes desses dois grupos podem depor já a partir da semana que vem, mas o martelo com as datas será batido na tarde desta quarta.
“Estávamos aguardando o rito dos trabalhos, uma sequência lógica, para que chegasse o momento correto de convocá-los”, diz o presidente da CPI, deputado Gustinho Ribeiro (Republicanos-SE).
O parlamentar afirma que as declarações de Pereira foram “cruciais” para que as investigações, a partir de agora, tomem “um novo caminho”.
Ribeiro diz que a comissão irá se debruçar sobre os pontos levantados pelo CEO da empresa e que se tornou “inevitável” e “necessária” a convocação dos agentes citados por ele em sua participação na CPI. “A partir de agora as investigações se concentrarão nessas afirmações.”
“Ontem foi um dia muito importante para a CPI. Vamos conseguir aprofundar mais o trabalho de investigação. Estamos falando de uma fraude gigantesca. Se realmente esse grupo de diretores praticou fraude, é um crime contra milhares de investidores, de credores”, diz ele.
“A CPI vai buscar realmente os culpados para que a gente garanta a imagem e a credibilidade do nosso país junto ao mercado financeiro e ao mercado de capitais”, diz o parlamentar.
Ribeiro afirma que, caso comprovada o envolvimento dos ex-diretores, a CPI deverá pedir em seu relatório final o indiciamento deles.
Em depoimento na terça-feira (13) à CPI, Pereira apresentou indícios de que as duas auditorias se comunicavam com a diretoria das Americanas para suavizar termos em seu relatório e dificultar a descoberta das fraudes por observadores externos.
Pereira ponderou que seria necessário aprofundar mais a questão para entender se houve um conluio ou não entre as auditorias e as Americanas, mas classificou os diálogos como um “ponto de atenção”.
Procurada na terça pela Folha, a KPMG no Brasil disse que, “por motivos de cláusulas de sigilo e regras da profissão, está impedida de se manifestar sobre casos envolvendo clientes ou ex-clientes da firma”.
A PwC afirmou em nota que “não comenta temas de clientes por questões de confidencialidade e regras de sigilo profissional”.