Silvio Almeida anuncia retomada de projetos após acusações de assédio sexual
Nas redes sociais, o ex-ministro negou as acusações

O ex-ministro dos Direitos Humanos do governo Lula, Silvio Almeida, anunciou no sábado (15) que retomará suas atividades profissionais, incluindo a escrita e revisão de livros, além de retomar seu canal no YouTube. Em uma publicação em suas redes sociais, Almeida comparou sua exoneração do cargo, ocorrida em setembro do ano passado após denúncias de assédio e importunação sexual, a uma tentativa de “matá-lo”. Ele afirmou que “se o morto levanta, acabou o velório”.
Almeida é investigado pela Polícia Federal por supostos casos de assédio sexual. Entre as acusadoras estão a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e três ex-alunas que relataram ter sido vítimas de assédio durante o período em que ele era professor universitário. O caso está sob investigação do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em sua publicação, Almeida negou as acusações e afirmou que foi vítima de uma campanha de difamação com o objetivo de apagar sua trajetória. Ele acusou entidades não governamentais, incluindo a ONG Me Too Brasil, de pressionar o governo para prejudicá-lo por “disputa política ou ressentimento”. “Tentaram me transformar repentinamente em um monstro, um homem que sempre enganou milhares de pessoas, um ‘abusador’ de mulheres”, escreveu.
O ex-ministro também relacionou as acusações ao racismo estrutural, afirmando que as pessoas não disfarçaram o preconceito ao associar sua imagem à violência e ao descontrole. “Queriam me apagar. Apagar o professor respeitado e tantas vezes homenageado pelos alunos. O advogado diligente. O companheiro, o amigo, o pai”, disse.
Almeida anunciou que uma edição ampliada e revisada de seu livro “Racismo Estrutural”, que havia sido suspensa pela editora Record, será publicada. Ele também pretende finalizar a obra “Estado, direito e raça no pensamento social brasileiro” e lançar outros quatro livros. Além disso, o ex-ministro afirmou que retomará seu canal no YouTube e continuará advogando.
“Eu estou vivo, continuo indignado e não quero compaixão nem ‘segunda chance’. Eu quero justiça”, escreveu Almeida. “Eu vou continuar escrevendo. Eu vou continuar falando. Eu vou continuar acreditando que esse país tem jeito. Eu vou continuar acreditando no povo brasileiro”.
As acusações contra Almeida ganharam destaque em outubro do ano passado, quando Anielle Franco depôs à Polícia Federal e confirmou ter sofrido importunação sexual por parte do então colega de ministério. Outras mulheres, incluindo a professora Isabel Rodrigues, também relataram casos de assédio. Almeida nega todas as acusações e afirma que as denúncias são “mentiras” e “ilações absurdas” com o intuito de prejudicá-lo.
O caso continua sob investigação, e o STF deve julgar o inquérito após a conclusão dos trabalhos da Polícia Federal.