STF retoma depoimentos de militares na trama golpista em meio a pressão de Trump
Processo entra na fase final sem que Polícia Federal tenha concluído investigação sobre tentativa de assassinato de Moraes
A Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) retoma, nesta segunda-feira (28), os depoimentos dos militares investigados na trama golpista que visava impedir a posse do presidente Lula (PT). Esta fase do processo marca a primeira vez em que oficiais do Exército falam à Justiça sobre o plano que, segundo a acusação, incluía até o assassinato do ministro Alexandre de Moraes. As audiências ocorrem em meio à pressão do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, para que o governo brasileiro não condene Jair Bolsonaro (PL).
A trama golpista tem como réus nove militares e um policial federal, que, de acordo com o Ministério Público, atuaram em duas frentes: uma ligada ao suposto plano de matar Moraes e outra que teria dado apoio logístico e político à tentativa de golpe de Estado. A Polícia Federal segue investigando o plano clandestino batizado de “Copa 2022”, mas até o momento só identificou dois dos seis envolvidos na suposta missão: os tenentes-coronéis Rafael de Oliveira e Rodrigo Azevedo.
Segundo a acusação, o grupo estava posicionado em Brasília, no dia 15 de dezembro de 2022, pronto para “neutralizar” o ministro Alexandre de Moraes. A missão foi abortada após a confirmação de que o Comando do Exército não aderiria ao golpe. A comunicação entre os suspeitos era feita por meio de mensagens no aplicativo Signal.
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Rafael de Oliveira segue preso preventivamente há oito meses. Ele já ficou calado em depoimentos anteriores e, segundo sua defesa, desta vez deve responder apenas às perguntas dos advogados. Já Rodrigo Azevedo alega estar em Goiânia, comemorando aniversário com familiares, e nega envolvimento direto com a ação. A denúncia, no entanto, aponta que ele teria ativado um chip em um dos celulares utilizados na missão dias depois da operação ser cancelada.
Entre os que serão ouvidos pelo STF estão nomes de alta patente do Exército, como o general da reserva Estevam Theophilo, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres. Ele teria participado de uma reunião com Bolsonaro em 9 de dezembro de 2022. De acordo com a delação do tenente-coronel Mauro Cid, o general indicou que o Exército poderia cumprir um decreto golpista, caso fosse assinado pelo então presidente.
“Se o presidente assinar, o Exército vai cumprir”, teria dito Theophilo, conforme relatado por Cid. A declaração mostra como a trama golpista estava avançada dentro de setores militares.
Os réus ouvidos nesta fase do processo são: Bernardo Romão Correa Neto (coronel), Estevam Theophilo (general da reserva), Fabrício Moreira de Bastos (coronel), Hélio Ferreira Lima (tenente-coronel), Márcio Nunes de Resende Júnior (coronel), Rafael Martins de Oliveira (tenente-coronel), Rodrigo Bezerra de Azevedo (tenente-coronel), Ronald Ferreira de Araújo Júnior (tenente-coronel), Sérgio Ricardo Cavaliere (tenente-coronel) e Wladimir Matos Soares (policial federal).
Com os depoimentos, o STF avança para a reta final do julgamento da trama golpista, ao mesmo tempo em que cresce a tensão internacional, com aliados de Trump pressionando o Brasil a evitar uma eventual condenação de Bolsonaro.
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