Super-heróis da vida real: movimento une humor, ativismo social e vigilantismo no Brasil
Heróis realizam ações sociais e até mesmo patrulhamento de ruas
Inspirados pelo movimento internacional RLSH (super-heróis da vida real, na sigla em inglês), cidadãos brasileiros têm adotado identidades secretas e uniformes para realizar intervenções que variam de assistência social a patrulhamento de ruas, tudo com um toque de humor. Em Belém, o personagem Paráman, criado há cerca de uma década por Márcio do Carmo, utiliza as redes sociais para cobrar melhorias na infraestrutura urbana, como a pavimentação de vias, e realizar serviços comunitários. O idealizador da figura destaca que sua abordagem foca no exemplo positivo e na negação da violência: “Sempre quero mostrar uma forma sadia de ser um super-herói exemplar”.
No Rio de Janeiro, o Gato da Cidade atua em Nova Iguaçu priorizando a segurança comunitária e o apoio a famílias vulneráveis, como a doação de cestas básicas. Com formação militar, o jovem de 26 anos utiliza uma armadura de proteção, mas ressalta que seu objetivo não envolve o combate direto ao crime, mantendo o anonimato por receio de represálias de milícias e grupos criminosos locais. Sobre sua atuação na Baixada Fluminense, ele afirma: “Eu quero ser um exemplo para as pessoas da minha região, uma fonte de esperança”.
Entre os super-heróis da vida real, em São Paulo, a figura de Mr. Raptor também integra o grupo de civis que buscam auxiliar em situações de conflito cotidiano, como furtos e episódios de bullying, sem utilizar a força física para detenções. Apesar de relatar ameaças sofridas por grupos criminosos no centro da capital paulista, o vigilante reforça que sua atuação possui limites claros perante a lei. Em depoimento sobre sua jornada, Raptor esclarece: “Já ajudei em torno de umas sete pessoas em caso de furtos, brigas, bullying etc, mas nunca prendi ninguém porque isso é trabalho da polícia”.
Embora parte do movimento priorize o auxílio social, grupos como o Espectros Patriotas, no Rio de Janeiro, adotam uma postura de vigilantismo que gera controvérsia. Em vídeos publicados na internet, o grupo realiza rondas noturnas e abordagens agressivas a adolescentes, expondo os rostos dos jovens mesmo quando não há flagrante de irregularidades. Em um dos registros, após imobilizar menores e constatar que não portavam objetos ilícitos, um dos integrantes ameaça: “Joga no grupo as imagens desses aqui. Se alguém pegar aqui é sem perdão.”
Com informações da Folha de S. Paulo
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