CIÊNCIA

Terras raras: cientistas descobrem mineral valioso dentro de planta na China

Pesquisadores de Guangzhou encontraram mineral chamado monazita, que tem contém terras raras, cristalizado em tecido de uma samambaia

Terras raras: cientistas descobrem mineral valioso dentro de planta na China (Foto: Pixabay)
Terras raras: cientistas descobrem mineral valioso dentro de planta na China (Foto: Pixabay)

Cientistas do Instituto de Geoquímica em Guangzhou, na China, anunciaram uma descoberta que pode mudar a geopolítica mundial no futuro: pela primeira vez, eles identificaram um mineral que contém terras raras dentro de uma planta viva, o que aponta para possibilidade de novas formas de uso sustentável desses elementos no futuro. Trata-se da monazita, um mineral rico em elementos como cério, lantânio e neodímio, componentes fundamentais em equipamentos eletrônicos, lasers, emissores de luz, condutores iônicos e sistemas de gerenciamento de resíduos radioativos. 

Normalmente, a monazita resulta de processos geológicos demorados e se forma sob alta pressão e temperaturas elevadas. O fato de ter sido encontrada cristalizada em uma planta (mais especificamente uma samambaia Blechnum orientale) é considerado altamente improvável pela ciência. Os pesquisadores de Guangzhou afirmam que a descoberta é um fenômeno que amplia o entendimento sobre como elementos de terras raras podem ser concentrados e cristalizados de forma biológica.

Os cientistas também afirmam que a descoberta traz informações novas sobre um processo chamado phytomining, ou fitorremediação mineral. Ele consiste no uso de plantas “hiperacumuladoras” para extrair metais e minerais do solo. Essas espécies têm a capacidade de concentrar metais pesados em níveis centenas de vezes superiores aos encontrados no ambiente ao redor.

Esse método reduz a dependência de práticas tradicionais de mineração, que frequentemente causam impactos ambientais e envolvem riscos geopolíticos. Segundo o Instituto de Geoquímica de Guangzhou, a constatação um novo caminho para o uso sustentável das terras raras, abrindo espaço para um modelo circular e ecológico de extração e reciclagem simultânea.

Terras raras são um conjunto de 17 elementos químicos que, embora sejam encontrados em abundância na natureza, são chamados de raros devido à dificuldade de se separá-los em forma pura dos minerais em que se acumulam. Os elementos são: cério, disprósio, escândio, európio, gadolínio, hólmio, itérbio, ítrio, lantânio, lutécio, neodímio, praseodímio, promécio, samário, térbio e túlio.

Brasil e Goiás

No Brasil, a extração de monazitas começou nos anos 1940, sob coordenação da Indústria Nuclear Brasileira (INB), na região de São Francisco e Itabapoana, no Rio de Janeiro. Em Goiás, o município que se destaca na extração e comercialização de terras raras é Minaçu, município que aos poucos deixa de sustentar sua economia no amianto.

Em Minaçu funciona a Serra Verde, mineradora que produz um concentrado de terras raras com alta proporção de disprósio (Dy) e térbio (Tb), além de neodímio (Nd) e praseodímio (Pr). Esses quatro elementos são essenciais para a fabricação de ímãs permanentes, amplamente utilizados em veículos elétricos, turbinas eólicas e outras tecnologias limpas.

e acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), em maio deste ano, Goiás exportou 60 toneladas de terras raras, com valor de US$ 965 mil. Já em fevereiro, foram 419 toneladas, com valor de US$ 5,7 milhões.

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