Terras raras: cientistas descobrem mineral valioso dentro de planta na China
Pesquisadores de Guangzhou encontraram mineral chamado monazita, que tem contém terras raras, cristalizado em tecido de uma samambaia
Cientistas do Instituto de Geoquímica em Guangzhou, na China, anunciaram uma descoberta que pode mudar a geopolítica mundial no futuro: pela primeira vez, eles identificaram um mineral que contém terras raras dentro de uma planta viva, o que aponta para possibilidade de novas formas de uso sustentável desses elementos no futuro. Trata-se da monazita, um mineral rico em elementos como cério, lantânio e neodímio, componentes fundamentais em equipamentos eletrônicos, lasers, emissores de luz, condutores iônicos e sistemas de gerenciamento de resíduos radioativos.
Normalmente, a monazita resulta de processos geológicos demorados e se forma sob alta pressão e temperaturas elevadas. O fato de ter sido encontrada cristalizada em uma planta (mais especificamente uma samambaia Blechnum orientale) é considerado altamente improvável pela ciência. Os pesquisadores de Guangzhou afirmam que a descoberta é um fenômeno que amplia o entendimento sobre como elementos de terras raras podem ser concentrados e cristalizados de forma biológica.
Os cientistas também afirmam que a descoberta traz informações novas sobre um processo chamado phytomining, ou fitorremediação mineral. Ele consiste no uso de plantas “hiperacumuladoras” para extrair metais e minerais do solo. Essas espécies têm a capacidade de concentrar metais pesados em níveis centenas de vezes superiores aos encontrados no ambiente ao redor.
Esse método reduz a dependência de práticas tradicionais de mineração, que frequentemente causam impactos ambientais e envolvem riscos geopolíticos. Segundo o Instituto de Geoquímica de Guangzhou, a constatação um novo caminho para o uso sustentável das terras raras, abrindo espaço para um modelo circular e ecológico de extração e reciclagem simultânea.
Terras raras são um conjunto de 17 elementos químicos que, embora sejam encontrados em abundância na natureza, são chamados de raros devido à dificuldade de se separá-los em forma pura dos minerais em que se acumulam. Os elementos são: cério, disprósio, escândio, európio, gadolínio, hólmio, itérbio, ítrio, lantânio, lutécio, neodímio, praseodímio, promécio, samário, térbio e túlio.
Brasil e Goiás
No Brasil, a extração de monazitas começou nos anos 1940, sob coordenação da Indústria Nuclear Brasileira (INB), na região de São Francisco e Itabapoana, no Rio de Janeiro. Em Goiás, o município que se destaca na extração e comercialização de terras raras é Minaçu, município que aos poucos deixa de sustentar sua economia no amianto.
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Em Minaçu funciona a Serra Verde, mineradora que produz um concentrado de terras raras com alta proporção de disprósio (Dy) e térbio (Tb), além de neodímio (Nd) e praseodímio (Pr). Esses quatro elementos são essenciais para a fabricação de ímãs permanentes, amplamente utilizados em veículos elétricos, turbinas eólicas e outras tecnologias limpas.
e acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), em maio deste ano, Goiás exportou 60 toneladas de terras raras, com valor de US$ 965 mil. Já em fevereiro, foram 419 toneladas, com valor de US$ 5,7 milhões.