Terras raras: Japão prepara missão a Goiás para negociar minerais estratégicos
Com apenas 35% do subsolo mapeado, Goiás pode estar sentado sobre um tesouro mineral ainda…
Com apenas 35% do subsolo mapeado, Goiás pode estar sentado sobre um tesouro mineral ainda desconhecido: as terras raras. A avaliação é do secretário de Indústria e Comércio do Estado, Joel Sant’Anna Braga, que enxerga nas áreas não estudadas um potencial bilionário para o setor. E tem atraído interesse para além das fronteiras brasileiras como Japão, Estados Unidos e China.
“Temos três grandes minas já identificadas: em Minaçu, Nova Roma e Iporá. Mas só mapeamos um terço do território. O que ainda não foi estudado pode revelar um volume muito maior de minerais raros”, afirmou Joel em entrevista ao Mais Goiás.
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Terras raras: corrida internacional
O dado reforça o alerta de que o estado ainda está na fase inicial de sua corrida mineral. E o apetite internacional aumenta. Japão, Estados Unidos e China disputam o acesso a insumos como lítio e terras raras, usados na fabricação de baterias, carros elétricos e sistemas de inteligência artificial. O Japão, inclusive, prepara uma série de agendas com uma comitiva do governo em Goiás a partir de agosto para conhecer de perto as terras raras goianas.
O interesse dos japoneses nas terras raras goianas se deu a partir da agenda que o governador Ronaldo Caiado (UB) teve agora ao Japão. “Quando falamos de terras raras em Goiás, lá no Japão, eles ficaram desanimados no início porque o perfil japonês é mais lentos. Mas, ao mencionarmos que Goiás possui a maior mina de terras raras pesadas, descobriram em Mara Rosa e em Iporá, eles mudaram completamente de postura”, explicou.
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Contrapartida exigida
Entretanto, de acordo com o secretário, a nova postura do governo goiano é clara: só será concedida licença para empresas que tragam tecnologia de processamento para o estado. “Não queremos só vender matéria-prima. Queremos gerar emprego, renda e domínio tecnológico local.” Ainda não há detalhes da agenda japonesa a Goiás, contudo, uma comitiva passará pelo menos uma semana em terras goianas conhecendo detalhes das terras raras.
Goiás já é destaque nacional em fertilizantes e minério de níquel, mas quer entrar no jogo global das terras raras em condições melhores. “Os japoneses já fecharam contrato com Catalão para produção de catalisadores. Agora querem visitar as minas de terras raras em agosto”, lembrou.
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Tarifaço de Trump
Com as tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos, especialmente após o tarifaço de 50% imposto pelo presidente norte-americano Donald Trump, empresas buscam alternativas para manter a competitividade e reduzir a dependência de poucos mercados.
“O gargalo não está apenas na extração, mas na transformação. O Brasil precisa correr atrás da tecnologia que hoje só a China domina”, pontuou o prefeito de Minaçu, Carlos Alberto Leréia. O município abriga uma das únicas minas em argila iônica com produção comercial fora da Ásia.
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