Ultimatos tarifários

Após tarifaço contra o Brasil, Trump anuncia taxa de 30% à UE e ao México

Presidente americano fez o anúncio em duas cartas postadas nas redes sociais neste sábado

Trump aponta com o dedo com bandeira dos EUA ao fundo
Taxações foram anunciadas em cartas veiculadas nas redes sociais (Foto: divulgação/Casa Branca)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lançou seus mais recentes ultimatos tarifários, declarando uma taxa de 30% para o México e a União Europeia, enquanto sua agenda comercial continua a deixar aliados desequilibrados e a injetar incerteza nos mercados financeiros globais.

Trump fez o anúncio em duas cartas postadas nas redes sociais neste sábado, ao informar parceiros comerciais importantes sobre as novas tarifas que entrarão em vigor em 1º de agosto, caso não consigam negociar termos melhores até esta data.

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Ele passou a semana enviando cartas a diversos países, ajustando os níveis tarifários propostos em abril e convidando os parceiros comerciais a continuar as negociações.

A UE esperava concluir um acordo provisório com os EUA para evitar tarifas mais altas, mas a carta de Trump frustrou o recente otimismo em Bruxelas sobre as chances de um acordo de última hora entre as grandes economias.

Trump, no entanto, deixou espaço para novos ajustes.

“Se quiserem abrir seus Mercados Comerciais, até agora fechados, aos Estados Unidos, e eliminar suas Tarifas, Políticas Não Tarifárias e Barreiras Comerciais, nós poderemos, talvez, considerar um ajuste nesta carta”, escreveu Trump. “A União Europeia permitirá acesso total e aberto ao mercado dos Estados Unidos”, disse Trump, ou “qualquer número que vocês escolherem para aumentar [as tarifas], será somado aos 30% que nós cobramos.”

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que o bloco “tomou conhecimento” da carta de Trump e alertou que as tarifas de 30% que os EUA anunciaram sobre os produtos europeus vão “prejudicar empresas, consumidores e pacientes” de ambos os lados do Atlântico. Os embaixadores do bloco estão programados para se reunir no domingo para discutir a situação comercial.

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“Continuamos prontos para trabalhar em direção a um acordo até 1º de agosto”, disse von der Leyen em comunicado. “Ao mesmo tempo, tomaremos todas as medidas necessárias para proteger os interesses da UE, incluindo a adoção de contramedidas proporcionais, se necessário.”

Com relação à UE, Trump inicialmente anunciou uma tarifa de 20% em seu evento “Dia da Libertação”, no início de abril, antes de reduzi-la para 10% como parte de uma pausa de 90 dias nas negociações. Mas ele logo se frustrou com o bloco de 27 países e ameaçou uma tarifa de 50%, o que levou a novas rodadas de conversas.

No início da semana, a UE afirmou que estava perto de um acordo-estrutura com os EUA após von der Leyen ter conversado com Trump no fim de semana anterior. O primeiro-ministro holandês, Dick Schoof, disse em uma publicação na rede X que a UE “deve permanecer unida e firme na busca de um resultado mutuamente benéfico com os Estados Unidos”.

As tarifas seriam amplas, embora separadas das tarifas setoriais do presidente sobre produtos como automóveis e aço. Se forem implementadas, podem colocar a UE em desvantagem competitiva nas exportações americanas para o Reino Unido, que deixou o bloco em 2020 e foi o primeiro país a firmar um acordo comercial de alto nível com Trump.

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Combate ao Fentanil

Na carta enviada à presidente do México, Claudia Sheinbaum, Trump disse que o país tem “me ajudado a proteger a fronteira”, mas acrescentou que isso não é suficiente. O republicanoTafirmou que, se o México “for bem-sucedido em combater os cartéis e interromper o fluxo de fentanil”, os EUA considerariam ajustar as tarifas.

“Essas Tarifas podem ser modificadas, para cima ou para baixo, dependendo de nosso relacionamento com seu país”, acrescentou.

A carta não menciona se os EUA manterão a isenção para bens negociados sob o acordo USMCA, que atualmente estão livres da tarifa de 25%. A administração já havia dito anteriormente que manteria a isenção para o Canadá.

O México é o terceiro país a receber uma carta sem estar realmente enfrentando um aumento tarifário no prazo estendido de 9 de julho, depois do Canadá e do Brasil.

Na quarta-feira, Trump anunciou que vai sobretaxar os produtos brasileiros que entrarem em seu país em 50%, a partir de 1° de agosto — um aumento drástico que veio após duras críticas do presidente americano às políticas internas e externas do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.

Em carta endereçada a Lula, publicada em sua rede social, ele atribuiu a cobrança à postura do STF com o ex-presidente Jair Bolsonaro e à ‘censura’ a big techs americanas. Apesar de o Brasil comprar mais do que vende aos EUA desde 2009, Trump fala em relação comercial injusta no texto. Na sexta-feira, o presidente dos EUA admitiu que pode conversar com o Brasil ‘em algum momento’ sobre a taxação.

Carta de Trump para Lula informando tarifaço de 50% — Foto: Reprodução
Carta de Trump para Lula informando tarifaço de 50% (Foto: Reprodução)
Segunda página da carta de Trump para Lula informando tarifaço de 50%, com a assinatura característica do republicano — Foto: Reprodução
Segunda página da carta de Trump para Lula informando tarifaço de 50%, com a assinatura característica do republicano (Foto: Reprodução)

Também esta semana, em uma carta ao primeiro-ministro canadense, Mark Carney, Trump anunciou que Canadá vai enfrentar uma tarifa de 35% sobre suas exportações para os Estados Unidos a partir do mês que vem.

“Em vez de colaborar com os Estados Unidos, o Canadá retaliou com seus próprios encargos. A partir de 1º de agosto de 2025, cobraremos do Canadá uma tarifa de 35% sobre os produtos canadenses enviados aos Estados Unidos, além de todas as tarifas setoriais”, afirmou Trump na carta, publicada em sua plataforma Truth Social.

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Outros países que Trump mencionou recentemente como alvos de aumentos tarifários incluem Japão, Coreia do Sul, África do Sul, Indonésia, Tailândia e Camboja, além de Argélia, Líbia, Iraque e Sri Lanka.

*Texto: Agência O Globo