Veja qual a relação entre o hipotireoidismo e a depressão
Hipotireodismo e depressão podem resultar em sintomas parecidos, como cansaço crônico e perda de memória

A depressão e o hipotireoidismo comartilham mais semelhanças do que se pode imaginar. É o que explica a endocrinologista Coralys Abreu, especialista em doenças da tireóide, que explica que a conexão entre as duas condições é tão estreita que, em muitos casos, dificulta um diagnóstico preciso no início do tratamento.
O hipotireoidismo acontece quando as glândulas tireóides perdem parte da capacidade de produzir hormônios, em especial a tiroxina e o T3. Essa condição autoimune afeta uma parcela considerável da população. Calcula-se que mais de 40% podem estar enfrentando esse déficit hormonal mesmo que não saibam.
A médica sublinha que essa enfermidade é até oito vezes mais habitual entre as mulheres, em razão da influência de hormônios como estrogênio e progesterona. Em muitos casos, o surgimento do hipotireoidismo coincide com etapas da menopausa.
Coralys explica que um dos maiores desafios para se diagnosticar o hipotireoidismo está na diversidade de sintomas que se apresentam e na facilidade que há em se confundirem com outros transtornos. São eles: cansaço, fadiga crônica, queda de cabelo, alterações sensíveis no peso sem explicação aparente, dificuldade de concentração, problemas de memória e inflamação do intestino.
Segundo a médica, em muitos casos os pacientes são atendidos em razão dos sintomas isolados, e que nem sempre se chega à conclusão que pode haver uma única doença determinando o surgimento de todas as condições. Essa forma de se proceder retarda em muito tempo o diagnóstico.
Outros fatores que podem intervir no desenvolvimento do hipotireoidismo incluem antecedentes familiares, deficiência de iodo e enfermidades virais, como a Covid-19. A médica diz que muitas pessoas que apresentam sintomas de depressão têm, na verdade, hipotireoidismo e quem tem hipotireoidismo não têm sucesso no tratamento para depressão porque deveria cuidar é da alteração na tireóide.
Essa relação, segundo Abreu, tem uma base fisiológica clara. As alterações na tireóide afetam a produção de neurotransmissores como a serotonina, chave para o estado de ânimo. E, ao mesmo tempo, certas mudanças cerebrais podem afetar o funcionamento da tireóide.
A médica recomenda ao paciente não enxergar toda e qualquer alteração emocional como sendo resultado de causas mentais. Estima-se que até 40% dos pacientes de hipotireoidismo podem desenvolver depressão, o que torna a investigação complexa e necessária. E 56% não evoluem diante de tratamentos psiquiátricos e psicológicos porque ignoraram a possibilidade de haver problemas na tireóide.
Hipotireodismo: como identificar
Para confirmar o quadro de hipotireoidismo, recomenda-se procurar um endocrinologista e realizar um exame de sangue. A se confirmar o quadro, inicia-se um tratamento com administração de um hormônio que substitui a função desempenhada pelas tireóides, e esse tratamento dura o resto da vida.
Sugere-se também que a abordagem clínica seja interdisciplinar, considerando a saúde mental, o aspecto nutricional (tendo em vista que a alimentação precisa ser rica em minerais, fibras, vitaminas e uma boa hidratação, além de pobre em glúten) e o acompanhamento endocrinológico. Atividades físicas são essenciais. O manejo deve se adaptar a cada paciente.